Vem a indefectível pergunta: Isto não era para ser eliminado ao longo dos últimos anos, de acordo com as campanhas para eleição de Lula? Por quê, com ele tendo 80% de aprovação, se é que é isto mesmo, isto ainda se verifica? Se era simples no governo dos outros porque ainda não foi reduzida? Por quê a transferência para os mais ricos continua sendo bem maior?
Esse é um dos fortes sinalizadores de que nosso país só consegue desenvolvimento se o cidadão parar de achar que somente importante em uma eleição é o presidente. Os desafios passam, necessariamente, pela qualidade de vereadores, deputados e senadores. Presidentes e governadores são meros executores da vontade da sociedade representada por leis e projetos de legisladores. Enquanto não entendermos isto estaremos correndo atrás do rabo. Seremos, eternamente, uma promessa de país de futuro.
Bem, voltando à realidade, são 80%. Passo a acreditar em Nelson Rodrigues: Toda unanimidade é burra!!
Vergonha pouca é bobagem - Clóvis Rossi
FOLHA DE S. PAULO
SÃO PAULO - A América Latina é a região mais desigual do mundo. O Brasil é o 9º colocado nesse desgraçado torneio da desigualdade, revela o Índice de Desenvolvimento Humano ajustado para a desigualdade, novo indicador do Pnud (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento).
Já seria motivo suficiente para sentir vergonha, mas o relatório oculta o pior: o tal índice de Gini, usado para medir a desigualdade, abarca apenas as diferenças entre salários, que, de fato, vêm caindo no Brasil nos últimos anos.
Não é preciso ter PhD em Harvard para saber que a desigualdade mais obscena não é entre assalariados, mas entre renda do capital e renda do trabalho.
Claudio Dedecca, professor do Instituto de Economia da Unicamp, chegou a apontar um eventual aumento nessa desigualdade, a partir da informação de que, "nas pesquisas que apontam queda da desigualdade, só entram os ganhos salariais e com a rede de proteção social, como o Bolsa Família e a aposentadoria".
"Tais números equivalem apenas a 40% do PIB, já que os pesquisadores não têm acesso à renda com ganho de capital das classes A e B".
Dois dados dão razão a Dedecca: estudo de três agências da ONU mostraram que "juros, aluguéis e lucros foram os itens da renda brasileira que mais cresceram desde a última década, superando o rendimento dos trabalhadores".
Dado número dois: a transferência de renda para 12,6 milhões de famílias pobres custa anualmente R$ 13,1 bilhões. Já a transferência de renda para os mais ricos, na forma de juros pelos títulos públicos, foi, no ano passado, de R$ 380 bilhões. Ou seja, vai 30 vezes mais dinheiro público para um punhado de famílias (quantas? 2 milhões, 3 milhões talvez) do que para 12,6 milhões de pobres.
Mesmo assim, faz-se ensurdecedor silêncio a respeito.
.
Nenhum comentário:
Postar um comentário