quinta-feira, 29 de julho de 2010

Populismo e instabilidade criam nó energético na América do Sul

A energia elétrica, regular e sustentável, é a base para o desenvolvimento. Sem ela não se consegue os elementos básicos na educação, formação e preparação para o mercado de trabalho do indivíduo. Resultado, ele emigra de suas regiões, fazem coro nos bolsões marginais das grandes cidades e alimenta o ciclo interminável de insegurança pública e aumentos de gastos do governo para manutenção de meios mínimos de dignidade humana.

Quando a energia é insipiente por causa do populismo e incompetência, temos uma piora ampliada dos problemas acima descritos.


A propósito, muito do que está sendo dito no artigo abaixo já venho adiantando desde que iniciei este blog, aos leitores. Os mais assíduos podem comprovar. Estamos envoltos numa era de populismo em nosso entorno estratégico.


Da mesma forma que ocorreu com os vizinhos, teremos sérias dificuldades de fornecimento de energia para sustentar nosso crescimento.

O artigo abaixo deixa bem claro os óbices desse importante tema. 
Outro tema maiúsculo que requer a atenção e acompanhamento constantes da sociedade.



Populismo e instabilidade criam nó energético na América do Sul





Chance perdida. Calotes, tensões fronteiriças e legislações nebulosas atrasam energética numa das regiões mais ricas do mundo em fontes de gás e petróleo; dos 58 projetos mais importantes elaborados há 10 anos, apenas 11 foram concluídos


João Paulo Charleaux - O Estado de S.Paulo
Uma mistura de disputas seculares por fronteiras, instabilidade econômica e presidentes imprevisíveis está dando um nó de pelo menos US$ 274 bilhões no comércio de energia da América do Sul. O embaraço ameaça frear o desenvolvimento de uma região que poderia não apenas ser autossuficiente, mas aumentar suas exportações de gás, petróleo e biocombustíveis em um século que será marcado pela escassez de energia não-renovável.
Apesar da fartura de suas reservas, os governos sul-americanos vivem perdidos em um roteiro de apagões elétricos, racionamento e crise que afasta investidores estrangeiros e castiga seus próprios consumidores. Nem a riqueza de recursos hídricos e o pioneirismo do biodiesel foram capazes de reverter esse quadro.
O cenário é rico em contradições, como a da Venezuela país superprodutor de energia que, desde fevereiro, apaga as luzes por 4 horas diárias em dias alternados por não ter investido no setor no momento em que o país crescia 6% ao ano.
Ou como o Equador, que também impôs apagões diários a seus cidadãos, entre novembro e janeiro, um mês depois de embargar uma hidrelétrica que era construída pela brasileira Odebrecht e de negar-se a pagar um crédito de US$ 243 milhões com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que financiava a obra.
A Bolívia do presidente Evo Morales colocou o Exército nas portas da Petrobrás, em maio de 2006 e, quatro meses depois, confiscou as instalações e o fluxo de caixa das refinarias da estatal brasileira.
"Estamos passando por um ciclo de governos que mesclam seus objetivos políticos e ideológicos de curto prazo com as estratégias de energia, que, para funcionar, exigiriam segurança jurídica e estabilidade por períodos muito longos, que transcendam a duração de um ou dois mandatos presidenciais", disse ao Estado Adriano Pires, diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE).
Um dos sinais mais evidentes do fracasso da política de integração energética é o resultado da Iniciativa para a Integração da Infraestrutura Regional Sul-Americana (Iirsa), criada há dez anos para resolver não apenas os nós energéticos, mas também os entraves nas áreas de transporte e comunicações.
O último relatório do Iirsa revela que dos 58 projetos na área de energia, apenas 11 foram concluídos. O potencial de negócios só para a construção de barragens, linhas de transmissão e gasodutos chega a US$ 70 bilhões, mas, mesmo assim, poucas construtoras se aventuraram em investir no setor.
O nó energético, contudo, não é recente, muito menos restrito aos governo bolivarianos. O Chile ? país que, do fim da ditadura, em 1990, até março deste ano, foi governado por uma coligação de centro-esquerda ocupa a pior posição no ranking energético sul-americano, mesmo tendo enorme potencial hidrelétrico e sendo vizinho da Bolívia, o maior produtor de gás natural da região.
Uma guerra entre os dois países, há 131 anos, fez com que as relações diplomáticas entre La Paz e Santiago fossem cortadas e o gás boliviano tivesse de tomar um desvio de 4.500 quilômetros pela Argentina, até voltar ao Chile. No inverno, quando o consumo de gás aumenta em Buenos Aires, os chilenos têm de recorrer à lenha para se aquecer.
Crise. Depois de o quinto pior terremoto já visto na história ter destruído parte do país, em 27 de fevereiro, os chilenos parecem ter abandonado definitivamente qualquer plano de instalar usinas nucleares em seu território. Portanto, a alternativa ao gás boliviano poderia estar mais ao norte, no Peru, que atualmente consome 6 mil megawatts de energia hidrelétrica, embora tenha um potencial para gerar três vezes mais.
No entanto, uma polêmica desatada em maio pela simples menção da intenção de exportar gás peruano para México e Chile foi suficiente para que o líder nacionalista e virtual candidato à presidência peruana Ollanta Humala dissesse que os peruanos "já estão vivendo uma crise energética". Para ele, Lima "não garantiu um horizonte de segurança energética que atenda sequer os próximos 20 anos". 
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