sexta-feira, 8 de julho de 2011

Município exporta trabalhador de alta renda e gera emprego com baixo salário

Valor Econômico 

Se, todos os dias, muitos moradores de Niterói deixam a cidade rumo ao Rio, um outro grande contingente de pessoas - em parte de menor qualificação profissional - chega para trabalhar no município. São motoristas de ônibus, empregados da construção civil e porteiros de edifícios, entre outras profissões, que vivem em áreas da periferia, como São Gonçalo, município com cerca de 1 milhão de habitantes, que tem quase o dobro da área territorial de Niterói.

O desafio na periferia de Niterói, formada por municípios com menores índices de desenvolvimento humano, é criar oportunidades locais de emprego e assim diminuir o deslocamento de grandes fluxos de trabalhadores. Mauro Osório, estudioso da região metropolitana, diz que para aumentar a densidade do emprego na periferia não basta investir em qualificação profissional. "É preciso identificar um conjunto de políticas para alavancar o emprego na periferia."

Osório cita o caso da zona oeste do Rio, onde há bairros populosos, onde vivem pessoas com alto nível educacional, mas que continuam a trabalhar no centro da cidade. Segundo ele, é preciso que existam boas condições de infraestrutura, incluindo tratamento de água e saneamento, por exemplo, para incentivar empresas a se instalarem em um determinado local da periferia.

Niterói tem 437.791 habitantes em idade ativa (PIA), sendo que 181.029 têm empregos formais no município. A relação entre o emprego formal e a PIA em Niterói é de 41,4%, segundo dados do Ministério do Trabalho e do Censo Demográfico 2010, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Na região metropolitana do Rio, a relação entre emprego formal e PIA é de 30,5%.

A alta densidade de emprego em Niterói não se reflete de igual maneira no salário médio do trabalhador do município. No ranking da remuneração média do setor privado na região metropolitana do Rio, em 2010, Niterói ocupa o quarto lugar. O salário médio do setor privado em Niterói é de R$ 1.324,30, abaixo do verificado em Duque de Caxias (R$ 1.332,97), Itaguaí (R$ 1.730,02) e Rio de Janeiro (R$ 1.823,25). "Quem ganha bem e mora em Niterói não trabalha lá", diz Osório.

Álvaro Adolpho, diretor-geral do Consórcio Intermunicipal de Desenvolvimento do Leste Fluminense (Conleste), concorda que é preciso encontrar soluções para a periferia na qual a cidade de Niterói está integrada. O Conleste reúne 13 municípios da região e nasceu a partir de demandas criadas com o projeto de instalação do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj), em Itaboraí.

Adolpho diz que entre as prioridades do consórcio estão o redimensionamento dos serviços de saúde na região, a criação de um programa de capacitação e qualificação de mão de obra e a construção de um plano diretor regional.
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