O presente artigo ressalta o uso de uma importante fonte de energia alternativa só que no vizinho Uruguaia.
O tema merece acompanhamento principalmente acerca dos fatores estruturais daquele país, cuja topografia é na maioria bem mais plana e menos acidentada que a do Brasil.
Ainda assim o artigo ilumina as dificuldades de implantação das redes de distribuição que em nosso país ficariam mais acentuadas.
Resta, ainda, o raciocínio comparativo sobre a capacidade de se levar essa energia, nesse modal, de forma sustentável para o interior de nosso país e propiciar desenvolvimento e redução de desigualdade social.
País investe em alternativa eólica
Valor Econômico
Além de apostar na exploração de petróleo, o Uruguai quer tornar-se o país com maior participação de energia eólica em sua matriz elétrica no mundo. A previsão do governo é ter pelo menos 15% de todo o parque de geração à base de ventos até 2015, superando países como a Alemanha, onde a fatia das usinas eólicas fica perto de 12% - obviamente, pela diferença de tamanho, os volumes são bem maiores na Europa. Como quase todo o potencial hidrelétrico do país já foi aproveitado, essa foi a principal alternativa encontrada pelo Uruguai para limpar a matriz com energias renováveis.
A expectativa é chegar a 600 megawatts (MW) de capacidade nos próximos quatro anos. Hoje, existem cerca de 80 MW instalados ou em construção. Há três meses, o governo concluiu uma licitação para 150 MW, na qual obteve preço entre US$ 85 e US$ 90 por megawatt-hora. "O total de propostas superou em seis vezes o que estávamos querendo contratar", diz o diretor nacional de Energia, Ramón Méndez.
Os preços apresentados pelas empresas ao governo uruguaio não foram muito superiores aos do Brasil, de R$ 130/MWh no leilão de 2010, sobretudo quando se leva em conta que o país vizinho não oferece nenhum esquema especial de financiamento - ao contrário do caso brasileiro, que conta com o apoio do BNDES. Também não há exigência de fabricação de equipamentos ou peças no Uruguai.
Em 23 de julho, termina um novo processo licitatório para a contratação de mais 150 MW. E outros 200 MW deverão sair pelo mecanismo das parcerias público-privadas (PPPs), recém-aprovado pelo Congresso. O governo participará por meio da estatal do setor elétrico UTE.
Com aerogeradores funcionando a 90 metros de altura, o Uruguai se posiciona como um território favorável à operação de usinas eólicas, já que possui ventos com velocidade superior a 7 metros por segundo durante boa parte do ano. Isso permite um fator de capacidade acima de 34% - ou seja, a usina pode operar mais de 34% do tempo.
Para Méndez, a geração de energia pelos ventos é o complemento ideal para a matriz elétrica. "O Uruguai é um país com muita dependência das chuvas, mas vemos uma enorme variação pluviométrica. Temos anos com até 90% de energia hidráulica, mas às vezes não superamos 60%, dependendo da estiagem."
Outra aposta para reduzir a dependência das chuvas - e do óleo combustível como alternativa para o funcionamento das usinas térmicas - é a interligação elétrica com o Brasil. O país vizinho está investindo US$ 330 milhões na construção de uma linha de transmissão entre San Carlos e Candiota, no Rio Grande do Sul.
O linhão terá capacidade para transportar 500 MW, em ambos os sentidos. Hoje, a interconexão entre os dois países permite a troca de apenas 70 MW. Como as frequências são diferentes, uma estação localizada no município fronteiriço de Rivera faz hoje a conversão. Haverá uma nova estação conversora em Melo, a 60 quilômetros da fronteira, que receberá dois terços do investimento. Dos US$ 330 milhões a serem aplicados, integralmente pelo Uruguai, US$ 83 milhões são provenientes do Focem, o fundo para convergência estrutural do Mercosul, financiado principalmente pelo Brasil.
"Os contratos sobre a entrega da energia são o que ainda está em discussão", explica o funcionário uruguaio. Um grupo foi formado entre técnicos dos dois países. "A ideia é que cada um possa ter acesso ao mercado interruptível do outro", afirma.
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