sexta-feira, 4 de maio de 2012

Vamos falar, mais, sério sobre motivação?



Motivação tem sido um tema recorrente em palestras, treinamentos e nos meus textos também!

Por isso me ocorreu de perguntar aos meus sábios botões o porque desta grande ocorrência, desta necessidade premente de se falar sobre algo tão batido, tão falado que já deveria estar fixado e claro para todos.
Mas se está tão em voga não é porque está claro e fixado, certamente não está nítido. E porque não está aprendido ainda?
Porque é mais uma moda administrativa? Por falta de real interesse no tema por parte dos gestores? Por falta de cultura sobre motivação e respeito? (Sim! Andam juntas, ao meu ver!)
Talvez tudo isso junto e mais alguns fatores.
Para dar um ar de modernidade e usar jargões modernosos, empresas investem em palestras caras, cursos caros e outras atividades ligadas à motivação, mas só os dirigem para os funcionários, e quando as diretorias “participam” ouvem, maravilhadas, as frases de efeitos, as regras e lições, mas dizem a si mesmas, de forma ilusória:
- “É assim mesmo que fazemos aqui, estamos no caminho certo!”
Resultado:
- Mais cursos sobre motivação! Talvez o velho ditado sobre a “Água mole em pedra dura” tenha alguma razão.
As palestras cheias de pirotecnias são lindas e prendem a atenção, mas provocam algo mais que comoção imediata?
Conseguem convencer realmente, sobre a necessidade de uma empresa ter uma política motivadora verdadeira?
Como convencer um tigre a ser vegetariano, se sua natureza é ser carnívoro e predador?
As empresas são tigres, e não vêm vantagens em serem “vegetarianas” (nem devem ver mesmo). Cresceram e ficaram fortes por serem (qual tigres) predadores eficazes.
H.G. Wells criou um futuro sombrio onde Morlocks eficientes criaram seres inofensivos para se manterem abastecidos, e para isso precisavam deixa-los em um local de fácil caça, e mesmo sabendo que seriam alimentos, estes seres inofensivos ainda estavam felizes, e não saiam dos seus locais designados, afinal tinham tudo o que precisavam para serem felizes. 
Alguns motivacionistas me criticarão por esta visão cruel da nobre motivação, um libelo humanista para salvar de uma vida angustiante as pobres classes trabalhadoras, mas não é esta a real finalidade da motivação? Manter as pessoas felizes e realizadas em seus trabalhos e assim produzirem mais e melhor?
Alguém mais atento na leitura, à esta altura dirá:
- Pode parar! Isso está um contra senso! Você fala em respeito e compara com as ações de tigres e Morlocks, predadores eficazes? Ficou maluco de vez?
Calma! Tenho uma lógica e basta segui-la.
É preciso respeitar os desejos e sentimentos dos empregados, ouvindo-os para, dentro de um limite razoável e com custos e benefícios idem, agradar e manter as equipes produtivas e fortes; criar uma identidade funcional e cativar novos recursos, interessados em se sentir bem e feliz em uma empresa, e assim ter o melhor material humano disponível, e com isso não ter dificuldades de repor mão de obra ou de manter uma produção de qualidade.
Porém, não devemos nos esquecer de dois pequeninos detalhes, e com isso jogarmos por terra as mais fantásticas considerações humanistas sobre motivação:
- A lei da sobrevivência do mais forte e adaptado (teoria da evolução) e da famosa Pirâmide de Masllow!
Ou seja, o discurso é bonito, mas a prática, e as intenções por trás dela, é dolorosa. 
Vou tenta esclarecer minha frase. Nós buscamos dar uma roupagem bonita para o tema, mostrar a beleza da motivação e da importância do respeito às vontades dos empregados, para tornar a empresa mais atrativa e figurar entre as melhores para se trabalhar da Exame, mas será esta a real necessidade e interesse da empresa?
Digamos que uma empresa seja a única alternativa de emprego na região, será que ela investirá em ouvir seus empregados e lhes proporcionar melhores salários e condições profissionais, ou ainda benefícios? Ou utilizará a base da pirâmide de Masllow para ter empregados produtivos?
A motivação aqui é clara: “ou trabalha com eu quero e ganha o que eu pago, ou vá procurar emprego em outro lugar, em outra região!”
Já, onde a oferta de empregos é maior e a dificuldade de conseguir empregados é proporcional, ou (dependendo da especificidade da função) dificultada pela competição, aí sim a empresa se vê obrigada a oferecer uma maior gama de benefícios e salários melhores, para ter ao seu dispor as pessoas que necessita, sem muito esforço. Lembrou-se dos Tigres e dos Morlocks agora?
O gasto com benefícios e outros fatores motivacionais, dependem mais da necessidade de se agrupar e manter o maior número possível de profissionais que interessam, e assim produzir melhor e mais eficientemente. Assim a empresa produzirá o que quer e como quer!
Isso tem uma relação com a lei da sobrevivência e a teoria da evolução das espécies, e com a pirâmide de Masllow, não concorda?
Isso quer dizer que os projetos motivacionais são maniqueístas? Falsos na sua humanidade?
Cabe a você responder!
Vamos pensar como empresa, e ver se estamos tão errados assim?
Para tentar finalizar, notemos que as empresas só investem no que traz retorno, e não é diferente no que diz respeito à motivação; ela só investe em benefícios e motivação funcional (nos moldes de ser boazinha e oferecer grandes vantagens) se for bom para ela, seja na captação de recursos, seja em marketing (social e comercial) e por necessidade de manter profissionais produtivos e necessários, do contrário não fará nada nestes moldes, pois não compensa, e não é necessário. 
Discorda?
Pode até discordar, pois mostro aqui o lado pouco glamouroso da área e de uma de suas mais belas diretrizes, as chamadas políticas motivacionais.
Mas, ressalto, não tiro o mérito delas, pois sei bem de sua utilidade e dos efeitos práticos quando usadas corretamente, embora frise da dificuldade de se aplicar uma boa política motivacional quando a empresa não necessita dela. E as finalidades, no fundo, são as mesmas, dando o doce ou dando a chicotada...
Lamento se alguém contesta, mas nada se faz por pura bondade no mundo empresarial, e sim por necessidade de mercado e retornos garantidos.
Porém, aceito críticas, e as respeito!


Ernani Júnior (parh@uol.com.br)

Ernani Ribeiro de Paiva Jr. 41 anos Cursou Psicologia, atuou em diversas empresas Nacionais e multinacionais, em posições de Gerência e Diretoria, sempre responsável pela implantação e saneamento da área.

Profissional com larga atuação em RH, generalista, além de sua especialidade em Saneamento, trabalha com negociação sindical, com treinamentos e Hunting. Já atua há mais de 10 anos como consultor tendo grandes empresas em seu leque de clientes, bem como palestrante em universidades e cursos diversos. 


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