segunda-feira, 27 de setembro de 2010

RETRATO DO TEMPO

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.Armando L. M. de Paiva Chaves
.O calendário não para. Eleições a menos de um mês. Pesquisas de intenções de voto indicam vitória arrasadora da candidata do PT, já no primeiro turno. A se confirmarem, tudo o que Lula sonhou, arquitetou e alavancou será realidade. Governará o país, ungida na primeira eleição a que concorre, uma neófita em política partidária, de alentado currículo subversivo, imposta pela autocracia do atual mandatário, sem admissão de discussão dentro do partido. Sua presença nos eventos da campanha confrange, pelos subterfúgios para descomprometer-se em temas essenciais, pela insegurança na exposição de ideias, pela oratória débil e confusa. Apesar disso e de muito mais, os percentuais maciçamente a seu favor mostram que sua mensagem satisfaz plenamente aos eleitores que a apóiam. Pobre Brasil! Pobre eleitorado, inculto, irrefletido, que não enxerga o amanhã, que se satisfaz com a melhora de vida de um momento e não cogita do futuro de seus filhos e netos!
Vivemos um tempo de iniqüidade, em que um programa nacional de direitos humanos fomenta um racismo que nunca existiu entre brancos de um lado e negros, mulatos e índios de outro. Promove o homossexualismo. Investe contra a tradição religiosa. Ressuscita perseguições sepultadas pela anistia. Insiste em controlar, se não afogar a liberdade de expressão. Invade a autoridade jurídica, condicionando-a a prévia negociação entre invasores e donos de propriedades privadas.
Vivemos um tempo de impunidade, em que a torpeza dos fraudadores de sigilo da Receita Federal é defendida pelo próprio órgão, com desculpas inverossímeis. Em que a tortura e o assassinato de um prefeito (de Santo André) são sucedidos pela vitimação de várias testemunhas e por ameaças de morte que obrigam parentes a se refugiarem no exterior para não serem eliminados. Em que flagrantes de grandes somas destinadas a pagar um dossiê falso contra político de oposição se esvaem em chicanas advocatícias que fazem mofar a condenação dos culpados. Em que somas milionárias distribuídas para comprar adesão de políticos (do mensalão) são cobertas, pelo próprio chefe do governo, com o manto de desculpa de caixa dois.
Vivemos um tempo de imputabilidade, em que dinheiros públicos são escandalosamente despejados na campanha política, comprometendo as contas do governo, e não há autoridade que denuncie a esbórnia e aja para punir os culpados. Em que as multas por infração aos códigos eleitorais são motivo de chacota pelo infrator, primeiro mandatário e ativo promotor de sua candidata, sem pejo de dizer que faz comícios fora do expediente, como se houvesse horário para ser presidente.
Vivemos um tempo em que só a unanimidade satisfaz o partido no poder, na caminhada para alcançá-la, da mesma forma que o fizeram todos os déspotas que se valeram da democracia para instalar o totalitarismo.
Vivemos um tempo de fraude, nas estradas esburacadas que são apenas remendadas. No ensino, que não deslancha de índices comparáveis aos de países mais atrasados. Na saúde pública, que é um tormento para as populações mais pobres. Nos fretes dos produtos de exportação, que anulam toda a economia da produção altamente competitiva. Numa política exterior que afaga ditadores e desconsidera aliados tradicionais, com pretextos de abertura de mercados que não têm recursos para comprar ou que não abrem mão de seus habituais fornecedores.
Felizmente, vivemos também um momento de coragem e de responsabilidade dos veículos da mídia. Depois de um bom tempo de paralisia em relação a fatos que mereciam denúncias severas, a cobertura da quebra de sigilo fiscal de proeminentes integrantes de partido da oposição e de seus familiares tem sido incisiva e abrangente. Esclareceu, desmistificou desculpas esfarrapadas, pressionou dirigentes que buscaram se omitir. Enfim, animou os que já perdiam esperanças numa mídia atuante, que faça da liberdade de expressão a arma poderosa para defender e preservar a vida democrática.
Falta agora vivermos o momento da verdade. Esperar que os estudos feitos sobre as amostragens das pesquisas de opinião estejam corretos e que os resultados das urnas as contradigam. Que se rompa a danosa continuidade no poder pretendida pelo petismo e que possamos viver um novo tempo de responsabilidade, transparência, probidade e reconstrução.  

                                        Gen Ex Armando L. M. de Paiva Chaves  

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