sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Agonia nas Redes sociais.

Caros amigos, via de regra sou convidado a participar de algum grupo no FB e demais redes sociais (Linkedin e Plaxo).

O convite se dá no intuito, creio eu, de que minha opinião sobre algum tema venha a contribuir de alguma forma.

Meses atrás fui incluído, sem pedir, em um grupo chamado Acorda Recife e, da mesma forma, semanas atrás fui, também, incluído em outro chamado Vox das Redes.

O que observei em ambos é uma agonia dos participantes traduzidas nos posts sobre problemas sociais que hoje, via mais explícita das redes e internet, saltam mais aos olhos.

No primeiro fora um clamor, uma catarse sobre os alagamentos diários na cidade do Recife e no segundo as recentes denúncias ou notícias acerca de corrupção.

Via de regra as pessoas reclamavam de pouca participação efetiva das autoridades e dos cidadãos para aquilo que eles viam como problema e, de porte de seus conhecimentos ou impressões sobre o que fora certo ou errado, soluções a serem implantadas que nunca se via.

Percebi nesses e nos demais contextos algo natural ao ser humano, ontológico até: a vontade de escrever algo e alguém curtir ou dar um feedback positivo. Essa é a chave.

No meu caso, infelizmente, eu ajo de forma um tanto diferente. Ao longo da minha carreira sempre procurei ser independente. Para ser independente precisa-se de conhecimento. Para tanto, estudei e estudo muito. Leio muito. Venho acompanhando a vida do país há mais de trinta anos. Como, também, tinha o hábito de ouvir algo marciânico, a Voz do Brasil, conheci muito das dinâmicas políticas e orçamentárias em voga no país. O programa é um relato objetivo do que se faz e os problemas que se encontram, só que raríssimos se dão a esse trabalho.

Também tive a oportunidade de viajar e conhecer o país quase todo, de helicópteros ou de aviões, trabalhando junto a populações carentes ajudando-as em calamidades tais como secas, enchentes e até queimadas, além de transportar equipes médicas, agentes de Educação, Saude, Min Público, Tribunais, PF etc etc. Nessas ocasiões procurava confirmar o que li e ouvia com a realidade enfrentada. visitei todas as regiões do país e só não conheço, de capital, Rio Branco e Porto Velho, todas demais e muitas cidades grandes e "âncora" não só conheço como tive contato com projetos sociais e econômicos de envergadura.

Como também trabalhei em Brasília, junto com Ministérios e autoridades, alio tal experiência nas conversas eventuais que tinha, em grupos de trabalho inter-ministeriais ou não. Ou seja, em trinta e cinco anos amealhei muita experiência e conhecimento.

Ademais, possuo dois mestrados com muita leitura e pesquisa e contato direto com realidades a fim de estruturar meus trabalhos. Como pesquisador, então, vi a necessidade de sempre se pontuar o que existia, colhido de forma metodológica e científica, e não dar validações sobre aquilo que percebo não ser correto ou existir de fato.

Ao participar de debates em rede o que percebo, de imediato, pelos posts, é desconhecimento das dinâmicas sobre aos quais a vida social e politica do cidadão está, inexoravelmente, amarrada. Essa é a parte difícil de se entender e de se aceitar.

Acreditem ou não, dado ao comum cochilo do cidadão brasileiro, sempre avesso a tratar de "coisas de política", há muitas decisões importantes que hoje, até, excluem o cidadão da participação efetiva (impeachman de presidente e governadores i.e - votações por lideranças partidárias, dentre outros). Também um enorme elenco de leis foi adotada, dentre eles a Lei Seca, Lei do Silêncio, atualização do Código Civil, Cod Def do Consumidor dentre uma miríade de leis que o cidadão não conhece fundo por pura falta de interesse, pois todas estão disponíveis em livros, gratuitos, e  na internet.

No que isso redunda: O desconhecimento dos participantes do grupo que acabam por cobrar o que já existe e está estabelecido em Lei. Se funciona ou não esse sim é o papel do debate, da cobrança e por não  haver conhecimento, via de regra as pessoas se agoniam tendo a impressão de que nada nunca foi feito antes.

Então amigos, procurei cobrir essa lacuna com meu blog. Não é propaganda dele, pois não encontram nenhum link de patrocinadores lá. É um trabalho hobby que pratico. Tenho minha fonte de renda e, ainda, não dependo de escrever para viver. Faço porque também sou professor e pesquisador, só que agora sou só piloto, meu xodó principal e que paga minhas contas. Como tenho mais de 2500 no FB, 2300 no Linkedin e 2000 no Plaxo, teria, em tese, mais de 6000 pessoas, no mundo inteiro a visitar o blog, pois o maior volume de minhas participações se dá postando os links do blog. Só que nos dias em que estou viajando e não envio os links para os amigos via email ou os postos nos espaços que tenho os amigos, as visitas voluntárias e não induzida não chegam a vinte. O que é isso, então? Idiossincrasia do cidadão brasileiro que entendo perfeitamente. Quem visita o blog lê artigos cuidadosamente selecionados sobre diversos assuntos importantes, pois como professor, tenho o cuidado de colocar noticias e editoriais sobre os principais temas nacionais.

Voltando a agonia, o que vejo também não é novidade. Vinte anos atrás li um excelente livro chamado de Paradoxo Global onde o prof John Naisbt vislumbrava o crescimento chinês e seu titubeamento - o que começa a acontecer, a crise dos tigres asiáticos e a fragilização da economia de títulos americana. Incrível, não, escrito há mais de trinta anos. Outro fato que ele apontava, por não conhecer a internet como fenômeno social ainda, por não existir, que que as sociedades teriam, cada vez mais, acesso à informação, todavia não saberiam fazer um correto uso dela. No caso nosso, a agonia de quem tem informação e capacidade suficientes para usar e transitar no Facebook mas que não tem a idéia ou noção de como se processa qualquer ação de entes do governo via gestão do orçamento público, onde o que não for previsto é proibido por lei, ser feito, daí, para quem não conhece, passa a ser má vontade do governante ou imobilismo. Ou seja, a agonia se amplia quando um participante posta algo que alguém vem e apresenta um contra-ponto, via de regra não alinhado, aí a agonia de evidencia mais ainda.

Se o cidadão ainda não percebeu, todos os mecanismos da chamada sociedade civil organizada estão, hoje, controladas pelo governo central. Os mecanismos de mobilização estão, absolutamente engessados em torno do que o governo central quer.

Enfim amigos, acesso às mídias sociais sem se ter o conhecimento adequado da realidade circundante gera agonia, agonia das redes. A solução passa, necessariamente, pela leitura, muita leitura. Caso contrário vai sempre haver a impressão de que ninguém nunca faz nada. Ledo engano, ledo engano.
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