domingo, 25 de setembro de 2011

A mãe e o berçário político do país



VINICIUS TORRES FREIRE 
FOLHA DE SP


`Novas lideranças' políticas comandam partidos vazios, não têm projetos para o país e bajulam Lula e Dilma

É A MÃE. Foi por causa da mãe, ou pela causa da mãe, que a gente pôde assistir ao batismo nacional de um novo líder político. Eduardo Campos, "ecce homo", vulgo "Dudu Beleza", causa admiração por ter sido o cabo e o general eleitoral da mãe, que venceu na Câmara dos Deputados a indicação para o cargo de ministra do TCU (Tribunal de Contas da União), semana passada. 
Campos é governador de Pernambuco, do PSB, reeleito para o cargo com mais de 80% dos votos. Ana Arraes, a mãe, é deputada federal do PSB, filha de Miguel Arraes (1916-2005), líder do socialismo populista sertanejo e de outros atrasos. 
O posto no TCU é uma sinecura eterna. Campos começou a carreira ocupando cargos no governo do avô Arraes. Familismo, boca-rica, cargo público. Campos deve causar invejas e ternuras no Congresso. 
Campos é uma "nova liderança" do Brasil. Assim como Gilberto Kassab, o prefeito paulistano, do nascituro PSD. Como Sérgio Cabral, governador do Rio, do PMDB. São os juniores do time das "novas lideranças" já velhuscas, como Aécio Neves e Geraldo Alckmin, do PSDB. 
Note-se que nenhum deles é petista. A maioria, aliás, é ou foi do que nominalmente se conhece por oposição. Todos eles, porém, se engraçaram de algum modo com Lula ou com Dilma Rousseff.
Cabral é paralulista. Kassab é paradilmista. Está fundando um partido que acabou de afundar o DEM-PFL, de onde o prefeito paulistano brotou, e de desmoralizar o PSDB (Kassab foi cria de José Serra, a quem sucedeu na prefeitura). 
Campos bebeu no lulismo para se fortalecer como "líder moderno" do Nordeste. Lembre-se que Ciro Gomes (também no PSB) já fez esse papel em outro filme, no tucanato. 
Aécio se arranjou com Lula e com o PSB de Campos e Ciro Gomes a fim de manter influência na política da capital mineira (comandada pelo PSB. Essa aliança transgênero pode se repetir em 2012). Alckmin, tanto por boniteza como precisão, se dá muito bem com Dilma, que o considera "republicano e pragmático". Há o rumor de que Dilma poderia levar Gabriel Chalita (PMDB) para o ministério (para tirá-lo da disputa pela Prefeitura de São Paulo). Chalita, como se recorda, nasceu de uma das costelas direitas de Alckmin, a religiosa, e foi seu secretário de Educação. 
Além de bajularem em maior ou menor grau os presidentes petistas, as novas lideranças têm em comum a aversão por manifestar ideias em público, vamos dizer assim. 
Ressalte-se a boa vontade: não se está afirmando que esses jovens senhores não têm o que dizer sobre o país, que são politicamente vazios ou intelectualmente medíocres. Por ora, a hipótese é que a turma seja, digamos, tímida ou modesta demais para apresentar seus planos sobre o Brasil ou discutir as decisões do presente governo. Pois é. 
Os partidos que comandam são igualmente vazios de caráter ou de substância. Os mais espertos são o PSB de Campos e o nascituro PSD de Kassab, que se banham na maré do petismo para ocupar a praia onde secam os cadáveres do PSDB e do sempre ridículo DEM. 
Isso é o futuro. Isso.
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