O presente artigo evidencia práticas que precisam, urgentemente, ser adotadas com ponderação, maturidade e, sobretudo, sem o inexorável e malfadado viés da ideologia que permeia os meios educacionais sob o vigilante cochilo da sociedade televisiva.
Há que se ressaltar, sobretudo, nossa idiossincrasia quando se aplica modelos que logram êxito em países europeus, a exemplo das ações adotadas no início do gov FHC, que eliminaram, naquela época, as avaliações e demais exames probatórios. Funcionou em países antigos na Europa, aqui, com nossa morena idiossincrasia mostrou-se ser bem diferente.
Uma vez mais a solução passa, necessariamente, pela ação participativa da sociedade, não só de pais com filhos em idade escolar, mas também dos futuros patrões que hoje ressentem-se do "apagão da mão-de-obra" e o séquito que se apropria das oportunidades ressaltadas por tais falhas, tais como consultores, coachs, orientadores vocacionais, psicólogos organizacionais etc etc. É a hora de agir para se alcançar as melhorias.
MAIS TEMPO NA ESCOLA
Há que se ressaltar, sobretudo, nossa idiossincrasia quando se aplica modelos que logram êxito em países europeus, a exemplo das ações adotadas no início do gov FHC, que eliminaram, naquela época, as avaliações e demais exames probatórios. Funcionou em países antigos na Europa, aqui, com nossa morena idiossincrasia mostrou-se ser bem diferente.
Uma vez mais a solução passa, necessariamente, pela ação participativa da sociedade, não só de pais com filhos em idade escolar, mas também dos futuros patrões que hoje ressentem-se do "apagão da mão-de-obra" e o séquito que se apropria das oportunidades ressaltadas por tais falhas, tais como consultores, coachs, orientadores vocacionais, psicólogos organizacionais etc etc. É a hora de agir para se alcançar as melhorias.
MAIS TEMPO NA ESCOLA
EDITORIAL
FOLHA DE S. PAULO
O aumento dos dias de aula faz sentido, mas precisa ser acompanhado de ganho de eficiência, com menos faltas e professores mais capacitados
Para um país que almeja igualar seus indicadores educacionais aos de nações desenvolvidas, é preciso gastar mais e gastar melhor. Apesar de avanços recentes, nosso investimento por aluno na educação básica representa apenas um quarto do valor médio da OCDE, entidade que reúne principalmente nações ricas.
É preciso aumentar o gasto por aluno -retirando os recursos não do contribuinte, pois em matéria de carga de impostos o Brasil não deve nada a nações ricas europeias, mas de áreas menos essenciais da administração. É necessário, ao mesmo tempo, cobrar mais eficiência de um sistema acostumado a usar mal seus recursos.
O raciocínio se aplica à proposta feita pelo ministro da Educação de aumentar o tempo que os alunos passam na escola. Fernando Haddad preconiza ampliar de 200 para 220 dias o calendário mínimo, aumentar o período médio diário de horas na escola, hoje em torno de quatro, ou combinar as duas iniciativas.
Vale notar que Haddad, há mais de seis anos no ministério, veiculou só agora a proposta -e mesmo assim de modo vago-, quando se avizinha sua provável candidatura à Prefeitura de São Paulo.
A ideia de aumentar a carga letiva, entretanto, encontra respaldo em diversas pesquisas. Trabalho do economista Naercio Menezes Filho concluiu que uma das variáveis que mais afetam o desempenho de um aluno é o seu tempo de permanência na escola.
Evidências vêm também de estudos internacionais, como o feito pelo sociólogo Karl Alexander nos EUA. Ao aplicar testes no fim do período letivo e no início do ano escolar subsequente, identificou que os alunos mais ricos melhoravam o desempenho, o que não acontecia entre os mais pobres. Nas férias, a desigualdade crescia.
Mais tempo em aula e menos de férias, portanto, tende a beneficiar principalmente aqueles que mais precisam da escola. No entanto, a medida será menos efetiva se não for acompanhada de mudança nas práticas pedagógicas.
Num trabalho em que comparou escolas de elite com as que atendiam as crianças mais pobres no Brasil, a educadora Paula Louzano mostrou que, entre as mais ricas, 75% declaravam ter conseguido cobrir praticamente todo o conteúdo do currículo esperado no ano. Nas mais pobres, a proporção não passava de 8%.
Não serão 20 dias a mais no ano ou algumas horas adicionais que farão as escolas que atendem alunos mais pobres se igualarem às melhores. É preciso diminuir o prejuízo causado por faltas e greves, além de preparar melhor o professor para otimizar o tempo de sala de aula.
Sem tocar nessas e em outras feridas educacionais, a injeção de mais tempo e recursos no sistema pode contribuir apenas para aumentar a coleção brasileira de boas ideias subaproveitadas.
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