sexta-feira, 23 de setembro de 2011

A COPA DA DESCRENÇA


EDITORIAL
ZERO HORA (RS)



O maior desafio para a realização de uma Copa do Mundo com a qualidade desejada, de modo que o Brasil cumpra seus compromissos com a comunidade internacional e melhore sua imagem, talvez não seja apenas a conclusão das obras no prazo exigido e dentro dos padrões éticos desejados. É, também, driblar a mentalidade negativa de parcela expressiva de brasileiros, que parecem estar torcendo para que as piores previsões se confirmem. Cada vez que aparece alguma irregularidade, como a contratação sem licitação da adesivagem dos ônibus da Carris, logo surge alguém para dizer que a roubalheira está se confirmando, em vez de aplaudir as medidas corretivas adotadas pelas autoridades.
O Brasil vai realizar a Copa, não adianta mais torcer contra. Em vez de ficar desejando o pior, os opositores prestarão melhor serviço ao país se ajudarem a fiscalizar e a pressionar os responsáveis pelo evento para que ajam com eficiência e transparência. É fácil criticar. Difícil é criticar de forma consequente, apontando não apenas os erros, mas também alternativas para solucioná-los.
Não há problema em ter gente contra a Copa. Os cidadãos brasileiros têm o direito de achar que o governo faria melhor em dedicar recursos e esforços para corrigir mazelas em áreas essenciais, como saúde, segurança e educação. Têm o direito, inclusive, de manter o posicionamento crítico, mesmo que a decisão de organizar o evento esportivo seja irrevogável. Só não têm o direito de boicotar permanentemente um empreendimento que o país se comprometeu a realizar.
É previsível que um evento desta dimensão não se concretize sem desvios. E é desejável, igualmente, que as irregularidades sejam prevenidas, fiscalizadas e corrigidas, com a responsabilização judicial dos responsáveis, quando for o caso. Mas também ajudaria muito se a mentalidade de descrença fosse substituída pela vigilância positiva, pois não se pode conceber que os brasileiros contrariados prefiram a desgraça e o descrédito do país a uma vitória sobre a desconfiança.
O Brasil já entrou em campo. Agora não se pode mais torcer contra.
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