segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Educação em debate

O que posso contribuir com o debate é que o texto abaixo chama a atenção para o fato de entidades privadas de ensino, nos três níveis, encontram-se fora do círculo de debate e de influência dos rumos da Educação em nosso país.


Isso pressupõe a força dos feudos nos Conselhos de Educação nas três esferas decisórias e, pelo visto, se assim se mantiverem, herméticas e isoladas da participação da sociedade, demonstram que nosso futuro estará dependente da visão torpe da ideologia e do fisiologismo no maior patrimônio que uma sociedade pode almejar.


Esse tipo de mobilização é o necessário.






Educação em debate: contribuição necessária
José Roberto Loureiro
Correio Braziliense


Vice-presidente de operações da Laureate Brasil

A cada dia que passa cresce no país a consciência de que é preciso melhorar a qualidade do sistema educacional brasileiro. Muitos avanços e conquistas importantes ocorreram nas últimas décadas, mas a verdade é que precisamos avançar muito mais para garantir aos estudantes um ensino de alto nível e contribuir com um salto qualitativo no desenvolvimento do Brasil.

Entre as conquistas mais importantes dos últimos anos estão a universalização e o aumento de oito para nove anos no ensino fundamental, a implantação de políticas públicas com o objetivo de avaliar a qualidade do ensino médio e dos cursos superiores e a adoção de programas de subsídios para estudantes no âmbito do ensino superior.

É importante observarmos os números do setor educacional no Brasil. Segundo o Censo Escolar de 2010, dos 31 milhões de alunos matriculados no ensino fundamental, 12,7% estão em instituições privadas, 87,3% nas redes públicas. No ensino médio, os dados mais atuais, de 2009, dão conta de 8.337.160 estudantes — 11,6% matriculados em instituições privadas e 88,4% nas públicas.

No ensino superior, porém, o quadro se inverte: as 2.377 instituições que funcionavam em 2010 registraram 6,37 milhões de matrículas em 29.507 cursos de graduação. As instituições privadas somam 2.099 e as públicas, 278. Vale notar que, segundo o IBGE, o segmento de ensino superior cresceu no Brasil a uma taxa anual de 10,4% entre 1997 a 2008, mas a participação das instituições privadas aumentou 11,1% ao ano no período, enquanto no setor público a taxa foi de 4,8%. Com isso, o setor privado elevou sua participação de 61,0% para 74,9%.

Números são números, e é sempre preciso interpretá-los. O que o cenário acima revela é um sistema piramidal em que, naturalmente, as partes superiores da pirâmide deverão expandir em uma velocidade significativa para acompanhar a demanda que a base proporciona. Ou seja, à medida que o ensino fundamental consolida a conquista da universalização, há uma decorrente pressão por vagas no ensino médio e, em seguida, no ensino superior. Os números também mostram, no caso do ensino superior, que a iniciativa privada tem sido a responsável pela expansão das vagas, absorvendo a maior parte dos ingressantes.

Tudo somado, hoje a iniciativa privada responde, no segmento educacional como um todo, a 12% do ensino fundamental, 11% do médio e 75% do superior. São participações expressivas, tendo em vista o universo de estudantes envolvidos. Só no ensino superior, segundo dados de um estudo da Hoper Educacional, o faturamento total das instituições privadas do segmento em 2010 ultrapassou a cifra de R$ 24 bilhões.

Essa expressiva participação no mercado educacional indica que as instituições privadas podem ser mais e mais bem aproveitadas pelos órgãos competentes na tarefa de debater os rumos do sistema de ensino brasileiro, de discutir e compartilhar as melhores práticas para elevar o padrão de qualidade da educação oferecida aos estudantes brasileiros. Atualmente, as instituições privadas, especialmente as de ensino superior, empregam pesquisadores e especialistas com bagagem intelectual e experiência para contribuir em alto nível com as discussões sobre os rumos da educação brasileira. Muitos deles, inclusive, são egressos de instituições públicas e possuem hoje uma visão ampla dos dois sistemas — público e privado — e seriam, portanto, capazes de trazer novas ideias e propostas para a melhoria do ensino, fim precípuo de todo o esforço, tanto do governo brasileiro quanto das próprias instituições privadas de ensino.

Para avançar, reza o dito popular, é preciso somar. As instituições privadas de ensino estão prontas e querem participar dos debates para influenciar nas decisões que levarão a um necessário salto qualitativo do sistema educacional como um todo. A melhor qualidade do ensino é a meta comum, mas vários são os caminhos, as estratégias, para mais essa conquista. É sobre isso que oferecemos a nossa contribuição.
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