sábado, 24 de dezembro de 2011

O currículo do ensino médio



Educação, a mola que nos impulsiona mas, também, pode nos travar no subdesenvolvimento.
Há dois dias lhes enviei uma análise particularizada dos motivos pelos quais acho que dificilmente teremos condições para competir, pelo menos em Educação, com a China ou qualquer outro país desenvolvido.
Agora a reportagem dá exemplos que sustentam minhas impressões, o que para mim é lamentável.

Atentem para as decisões dos "especialistas" em educação ao arrepio do senso comum do mercado e da sociedade apreensivos com o gritante exemplo do "apagão da mão-de-obra". Foi necessária a intervenção do governador paulista muito oportunamente cumprindo sua função como responsável público final dessa clamorosa estultice.

Observem que, novamente, o Conselho Estadual de Ensino -e imaginem a dificuldade para o Nacional- esteve convencido de algo que somente eles percebem.
Observem, também, que as mudanças foram publicadas em Diário Oficial do Estado dando por conhecimento público, para a sociedade, acerca das mudanças. A pergunta que me ocorre: Permitiriam a participação de representantes legítimos da sociedade nas mudanças coerentes e necessárias? Representantes Comerciais, Industriais, de Serviços etc, que penam com a baixa qualificação?

Entenderam porque os resultados do ENEM são pífios??

Sei que o dia e o momento é de mensagens lúdicas, oníricas e enlevantes, todavia a moçada gramciana não dá tregua...arrêgo!!

Vale a pena ler e refletir.


O currículo do ensino médio
O Estado de S.Paulo

A Secretaria da Educação do Estado de São Paulo alterou duas vezes, no período de apenas três dias, o currículo da rede estadual de ensino médio para o próximo ano, mudando as cargas horárias de disciplinas obrigatórias e eletivas.

Há uma semana, o Diário Oficial do Estado anunciou a redução de 17% no número de aulas de matemática e de 8% na carga horária de português para os alunos do curso noturno. Segundo a Secretaria Estadual da Educação, a medida foi tomada para permitir a ampliação do número de aulas de disciplinas eletivas, como sociologia, filosofia e artes, e a inserção de matérias que hoje não integram a grade, como espanhol. Para os alunos do curso diurno, foi anunciada a redução da carga horária de geografia e história.

Para as autoridades educacionais, essas alterações permitiriam à rede de ensino médio oferecer em 2012 um currículo mais diversificado e mais adequado às necessidades do mercado de trabalho. Os especialistas reconheceram que as medidas poderiam estimular os alunos a estudar mais, ajudando a reduzir a taxa de evasão escolar, que é alta nesse ciclo. Mas também lembraram que o novo currículo reduziria a carga horária justamente das matérias em que os alunos enfrentam maior dificuldade de aprendizagem. Segundo o Sistema de Avaliação do Rendimento Escolar do Estado de São Paulo (Saresp), 57% dos estudantes de ensino médio não conhecem as noções básicas de matemática e 38% não conseguem absorver os conteúdos mínimos de português. Na última versão do Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa), que é um levantamento comparativo envolvendo 65 países, os estudantes brasileiros ficaram em 53.º lugar no exame de leitura; em 57.º, no teste de matemática; e em 53.º, na prova de ciências.

Três dias depois da divulgação do novo currículo, o governador Geraldo Alckmin obrigou a Secretaria Estadual da Educação a voltar atrás nas mudanças anunciadas para os alunos do curso noturno. Com isso, os cortes na carga horária de português e matemática foram suspensos. As alterações que haviam sido anunciadas para os alunos do curso diurno foram mantidas.

Nos últimos três meses, o governador deu várias declarações sobre as mudanças que a Secretaria Estadual da Educação pretendia promover no currículo do ensino médio. Quando a minuta do novo currículo foi enviada às escolas da rede pública para ser debatida, em setembro, o governador sugeriu que o número de aulas de sociologia, filosofia e artes não fosse aumentado à custa da redução da carga horária de português e matemática. "Já que vai haver debate, quero dar a minha contribuição, dizendo que, se pudéssemos, deveríamos aumentar as aulas de português e matemática", disse ele.

Segundo a Secretaria Estadual da Educação, o currículo divulgado pelo Diário Oficial do Estado resultou de um debate que durou quase três meses e contou com a participação de mais de 20 mil representantes da rede de ensino médio. Mesmo assim, a decisão tomada por Alckmin, acolhendo as recomendações dos especialistas, é muito mais sensata do que a alternativa que havia sido negociada pelas autoridades educacionais com o professorado.

Português e matemática são disciplinas decisivas para a emancipação social, intelectual e profissional das novas gerações. Sem saber ler e escrever textos com um mínimo de complexidade e sem conhecer álgebra e geometria, os jovens não têm como encontrar ocupação na economia formal, pois não saberão lidar com as novas técnicas de produção e comunicação propiciadas pelo desenvolvimento tecnológico. Também não terão condições de progredir no sistema educacional, evoluindo para o ensino superior, ajudando com isso a romper o círculo vicioso do analfabetismo, da desigualdade e da pobreza.

Sem um ensino fundamental e médio capaz de assegurar uma boa formação em matemática e português aos alunos, não há política pedagógica que ajude a nivelar oportunidades. O governador mostrou ter consciência disso, quando impediu a redução da carga horária dessas duas disciplinas.
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