ZUENIR VENTURA
O GLOBO
Para quem, como eu, não sabe exatamente o que é mata ciliar e o que são módulos fiscais ou Áreas de Preservação Permanente, é difícil tomar posição nesse debate sobre o novo codígo florestal, aprovado no Senado por 59 votos a favor e 7 contra. Se Chico Mendes fosse vivo, ele serviria de referência, com seu bom-senso e realismo. Sem ele, restaria recorrer aos discípulos. Mas acontece que dois deles, talvez os mais importantes, estão em campos opostos na questão. Falo do senador Jorge Viana, relator do projeto, e da ex-senadora Marina Silva, rigorosa crítica do texto que em breve volta à Câmara para depois ir à sanção presidencial.
Conheci os dois em 1989, quando fui ao Acre para cobrir o assassinato do líder seringueiro, que inscreveu a Amazônia na agenda planetária. Pude constatar a integridade de ambos. Por isso, dividido, meu coração balança entre um e outra. Concordo quando ouço o ex-governador explicando seu esforço para evitar extremos, uma tendência herdada do próprio mestre, "que era um negociador que tentava conciliar a atividade rural com a atividade humana". Ele quer "dar tranquilidade aos que vivem na área rural produzindo para que nós, na cidade, possamos consumir". Mas tendo a apoiar a ex-ministra do Meio Ambiente, quando adverte que a lei aprovada "reduz a proteção das florestas, anistia desmatadores e, assim, ampliará a devastação". A sua esperança é o possível veto da presidente Dilma, que em campanha prometeu coibir o desmatamento ilegal, um compromisso que, segundo Marina, foi assumido com todos os brasileiros.
Como sintoma, há a reação dos grupos interessados. Os ruralistas exultaram, como mostrou a imagem da senadora Kátia Abreu comemorando com seus correligionários o resultado. Ao contrário, sabe-se do protesto das organizações ambientalistas em Durban, onde 194 países reunidos debateram soluções para as mudanças climáticas. Elas pediram o veto presidencial e exibiram um painel luminoso na fachada do hotel do encontro com um basta: "Pare a motossera!" De que lado ficará Dilma? Dizem que ela está satisfeita com o novo Código. A ver.
A crônica "Meu tempo é curto" produziu efeitos conflitantes. Alguns viram nela uma boa desculpa para não cumprirem com suas obrigações diárias. Um leitor, porém, acusou a teoria da Ressonância de não ter sido comprovada. Ele acha que eu devia ter consultado especialistas. O curioso é que se irritou mais comigo do que com o físico alemão, o tal do Schumman, que afinal é o culpado de tudo. Em cinco linhas, me deu quatro puxões de orelha. Bem feito. Quem manda desperdiçar tempo falando da falta de tempo.
Um foi "estrangulado" e saiu desacordado, com um corte profundo na testa causado por uma cotovelada. O outro teve o braço quebrado. Duas brigas feias em boate? Não, esporte.
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