Na revista “The Economist” da semana passada, matéria sobre a Feira do Livro de Guadalajara apresenta algumas reflexões interessantes sobre o hábito de leitura e os desafios das editoras na América Latina. A bola da vez, como não poderia deixar de ser, é a emergente nova classe média, que, além do incremento de renda, praticamente erradicou o analfabetismo em sua população mais jovem.
Apesar do cenário positivo, que, segundo a publicação, vem produzindo um incremento na venda de jornais na região, o mercado livreiro ainda não tem sido favorecido pelas mudanças. E uma das explicações é o baixo nível de compreensão textual de seus habitantes. Ou seja, o cobertor sempre é curto. Erradica-se o analfabetismo, que é substituído por uma escolaridade ainda muito aquém dos principais centros de educação do planeta.
Surpreendentemente, o Brasil, ao menos em termos de crescimento do mercado de livros, é exceção na região. Se, como nossos vizinhos, nossa educação ainda caminha a passos de cágado, nossos séculos de descaso e o baixo nível de escolaridade (mesmo considerado regionalmente) de significativa parcela da população, ainda oferta um amplo espaço de melhorias que impactam consideravelmente nas estatísticas. Ou seja, nossa pobreza educacional era tal, que mesmo mudanças lentas e graduais têm efeito na nossa população.
Outros dados, porém, nos trazem mais próximos da realidade. Se o Plano Nacional de Cultura, divulgado na última semana, tem entre as suas metas ter todos os municípios do país equipados com ao menos uma biblioteca (hoje essas não chegam a 5 mil), o México, com 60% da nossa população, possui 7 mil, além de 4.100 salas de leitura (um projeto em que voluntários levam a centros comunitários, igrejas e empresas um kit de cem títulos). O número de livrarias no país também decepciona. Se a Espanha possui uma para cada grupo de 10 mil habitantes e a Argentina uma para cada 20 mil, no Brasil a relação é de uma para cada 50 mil.
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