FOLHA DE SP
Todos os anos, às vésperas do Natal e no seu transcurso, mudamos de comportamento, ficamos mais tolerantes e afáveis. Surge um clima de harmonia e paz. Nessa época, todos ficamos mais generosos. Tal comportamento é excelente e emblemático, pois demonstra que temos capacidade e potencial para a fraternidade, a ética e a boa educação.
Pena que esses sentimentos não perdurem por todos os outros meses do ano. Passadas as festas, não é incomum atos de egoísmo, a falta de civismo e o desrespeito ao próximo, em casa, no trabalho e nos espaços públicos.
Tornam-se outra vez indisfarçáveis o individualismo, a intolerância, a insensatez no trânsito, a prepotência, a incapacidade de ouvir, o excesso de nervosismo, o preconceito, a má vontade em ponderar e outros maus costumes.
Assim, a cada Natal, é importante refletir sobre o verdadeiro significado dessa data tão expressiva para a humanidade. A comemoração do nascimento de Jesus Cristo traz mensagem universal e se aplica a todas as crenças. Afinal, ninguém com o mínimo de bom-senso poderia discordar de que o mundo seria muito melhor se fossem prevalentes o amor ao próximo, os princípios do perdão, o respeito às diferenças, a boa vontade e a consciência de que dependemos uns dos outros.
Essas considerações valem para o cotidiano da convivência familiar, profissional e social e também para o intercâmbio entre os povos. Especialistas indicam que a alternativa capaz de pôr fim às crises intermitentes, e cada vez mais graves no mundo atual, será a ajuda mútua das nações. Estaríamos, numa visão otimista, migrando para uma nova fase do capitalismo, na qual os países atuariam de modo cooperativo para garantir o crescimento sustentado, a solidez e a dinâmica dos mercados.
Entretanto o florescer dessa era verdadeiramente revolucionária depende da preponderância dos ideais de solidariedade e desprendimento. A nova realidade será impossível sem que se superem os fanatismos, as vaidades, os ódios seculares, a cobiça, a inveja. Ou seja, ninguém é melhor ou tem mais direitos do que os outros e nenhum país é mais dono da Terra do que todos os demais.
Somos habitantes da mesma aldeia que, embora global, nos pertence e oferece oportunidades de viver e prosperar. Mas precisamos ser realmente iguais perante as leis divinas e as dos homens, acreditar e praticar a fraternidade.
Não basta, portanto, a bondade individual efêmera e as tréguas passageiras das datas comemorativas. A humanidade precisa de um definitivo sentimento natalino, ancorado num ecumenismo sincero e multilateral, para conquistar sua redenção de prosperidade e paz.
Feliz Natal!
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