terça-feira, 24 de abril de 2012

Os efeitos para o País da falta de energia no Sul



O Estado de S.Paulo


Medidas preventivas adotadas pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), como o acionamento temporário de usinas termoelétricas e o fornecimento para a região de energia produzida em outras partes do País, têm garantido o suprimento adequado da Região Sul, cujo sistema de produção de energia elétrica enfrenta a situação mais grave em mais de uma década.

A prolongada estiagem reduziu o nível dos reservatórios das usinas hidrelétricas do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul para apenas cerca de 30% de sua capacidade máxima. Nos meses de março de 2010 e de 2011, o volume de água das represas da Região Sul era de mais de 90% de suas capacidades máximas. Hoje mal chega a um terço disso. Por isso, as usinas têm interrompido sua produção em horários de menor demanda, por recomendação do ONS. Com a medida, tenta-se preservar o nível operacional dos reservatórios pelo maior tempo possível.

Para compensar, o ONS determinou a ligação de nove termoelétricas a gás e a carvão nos três Estados. No total, elas estão gerando 1.320 megawatts, mais do triplo do que foi gerado no mesmo período do ano passado. Além disso, a Região Sul tem recebido 5,4 mil MW médios de energia do subsistema Sudeste/Centro-Oeste do Sistema Interligado Nacional.

Até o momento, tem sido adequada a operação do Sistema Interligado Nacional, que é coordenado pelo ONS e abarca todo o sistema de energia elétrica do País, com exceção dos produtores isolados, que atendem regiões remotas. Mas a estiagem está levando o Sistema a um teste de resistência e confiabilidade. De acordo com o jornal Valor (18/4), em alguns momentos, a energia enviada do Sudeste/Centro-Oeste para o Sul utiliza 95% da capacidade total de transmissão do Sistema nessas áreas.

Deve-se destacar, também, o custo financeiro e ambiental da maior utilização da geração termoelétrica. As usinas termoelétricas continuam a desempenhar um papel importante, de suprir o mercado nos momentos de dificuldades do sistema gerador hidrelétrico, como está ocorrendo no Sul. Mas, por consumirem combustíveis fósseis - gás natural ou óleo - ou carvão mineral, são poluentes. E seu custo operacional é maior do que o das usinas hidrelétricas.

Em algum momento, essa diferença terá de ser coberta, e quem fará isso é o consumidor - não apenas do Sul, mas de todo o País. De imediato, a queda da produção das usinas do Sul já teve um impacto, com disparada do preço do megawatt-hora no mercado de curto prazo.
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