Revista Saúde
DIÁLOGO FAZ BEM, LER TAMBÉM
Uma proposta. Pais, conversem e leiam com seus filhos. Nunca é cedo nem tarde demais para começar
Por Rogério Tuma
Uma publicação especial da revista Attachment and Human Development, de setembro, da Universidade de Illinois, pode funcionar como uma bíblia para os interessados em recursos humanos. Nela, um estudo da instituição de ensino mostra que os pais que conversam com os filhos sobre fatos ocorridos e suas afetividades e expressam melhor suas emoções, provocam nas crianças o desenvolvimento da auto-estima, melhores mecanismos de segurança nas relações e maior competência para o convívio social. O estudo, feito por Kelly Bost, avaliou o diálogo de 90 mães com seus filhos de até 3 anos. Segundo o resultado, aquelas que mantinham diálogos mais elaborados com seus filhos os tornavam mais seguros e próximos a elas.
Pesquisa.
O bate-papo pode interferir na auto-estima
A pesquisadora acredita que, em um diálogo mais elaborado, a troca de informações é muito maior e o estímulo a procurar reminiscências e vivenciá-las novamente desenvolve mais a memória e a capacidade de contar suas próprias histórias e, portanto, de expressar seus sentimentos com maior clareza.
Pais que conversam mais com os filhos também os estimulam a fazer o mesmo e promovem diálogos muito mais ricos, detalhados e interessantes.
Essa capacidade acaba sendo levada para a idade adulta, quando precisamos expressar melhor nossas opiniões aos parceiros, colegas de trabalho e ser mais seguros quanto à exposição de idéias ao chefe ou cliente, por exemplo.
A pesquisadora também avaliou a capacidade das mães de se expressarem em relações interpessoais com adultos. Segundo o resultado, as mães transferem aos filhos as relações que elas têm com os pais. Na verdade, a própria sensação de segurança e de auto-estima da mãe a faz conversar melhor com os filhos.
A especialista aconselha: “Sempre que puder, dialogue com seu filho, estimule-o evocando histórias passadas, pois assim você os ajuda a organizá-las mentalmente e a poder contá-las para as outras pessoas também”.
Na conferência de desenvolvimento da linguagem da Universidade de Boston, realizada recentemente, foi apresentado um interessante estudo que compara o uso do livro eletrônico com o livro impresso no desenvolvimento da leitura. A conclusão é de que o tradicional livro impresso promove uma interação bem mais positiva entre os pais e as crianças e estimulava o desenvolvimento das crianças.
As autoras, Julia Parish-Morris, da Temple University, e Molly Colins, do Erikson Institute, acreditam que a pressão da indústria está tornando a mídia eletrônica extremamente popular e, com isso, os pais – e alguns governos – estão comprando a falsa idéia de que a mídia eletrônica é essencial para o desenvolvimento das crianças.
Quando comparadas às interações e comentários provocados pela leitura conjunta de pais e filhos dos dois tipos de livros, o tradicional era duas vezes mais estimulante que a leitura do e-book. De acordo com as pesquisadoras, o problema é que os pais, ao lerem os livros impressos, conseguem com maior facilidade interagir com os filhos. Já a experiência digital conjunta é truncada. Elas afirmam: “E-books não substituem os livros impressos e muito menos seres humanos”.
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