Martha Medeiros
Se eu fizesse uma pesquisa para saber qual a palavra que mais escuto dentro de casa, daria "depois"... na cabeça, sem margem de erro para mais ou para menos. Depois eu arrumo o quarto. Depois eu como. Depois eu desligo (o computador, claro). Depois eu estudo. Depois eu levanto. Para quem tem filhos adolescentes, isso deve soar familiar.
Que maravilha é ter a vida pela frente, poder se dar ao luxo de ser preguiçoso e de se demorar em atividades importantíssimas como dormir, ficar no MSN e ouvir o iPod. Viver? Depois.
Quando se tem a idade deles, a estrada parece tão infinita que o cansaço é antecipado. Só depois (quando chegarem aqui, onde estamos) é que tudo fica mais urgente e cada minuto passa a ser uma infinidade de tempo. Dá para se fazer inúmeras coisas num único dia, e fazemos. A gente acorda mais cedo, a gente trabalha mais, a gente dá um jeito de encontrar os amigos, a gente tem ânsia de ler tudo o que nos cai nas mãos, a gente se interessa por todos os assuntos, queremos estar em todos os lugares, aceitar todos os convites, preencher a vida de acontecimentos. Ufa, me alcance um copo d'água.
Tudo pra fugir do que, santo Cristo? Da morte, obviamente. Daquilo em que eles, lá atrás, ainda no início da caminhada, não pensam, mas em que nós, mais atentos a todos os riscos que nos cercam, pensamos incessantemente, como se o fato de manter-se ocupado pudesse adiar a maldita.
Só que não caio mais nessa. Chega de tanta atividade, de tanta correria, de tanta agenda lotada. A palavra que eu mais dizia era "agora". Deu. Chega.
Aproveitarei este verão para fazer uma viagem no tempo e voltar para a época em que "depois" era uma resposta aceitável, ainda que extremamente bandeirosa do nosso descompromisso e irresponsabilidade. Portanto, vos digo: depois, e só depois, é que vou ler o mais novo gênio da literatura atual, antes quero tirar um cochilo. Depois eu atendo o telefone, agora vou pegar um sol. Depois eu passo no banco, antes vou visitar uma amiga querida. Depois eu penso se vou aceitar um novo projeto de trabalho, no momento só penso em namorar. Depois eu respondo os e-mails, é hora de caminhar pelo parque. Depois eu termino este texto, preciso urgentemente dar um mergulho.
Que maravilha é ter a vida pela frente, poder se dar ao luxo de ser preguiçoso e de se demorar em atividades importantíssimas como dormir, ficar no MSN e ouvir o iPod. Viver? Depois.
Quando se tem a idade deles, a estrada parece tão infinita que o cansaço é antecipado. Só depois (quando chegarem aqui, onde estamos) é que tudo fica mais urgente e cada minuto passa a ser uma infinidade de tempo. Dá para se fazer inúmeras coisas num único dia, e fazemos. A gente acorda mais cedo, a gente trabalha mais, a gente dá um jeito de encontrar os amigos, a gente tem ânsia de ler tudo o que nos cai nas mãos, a gente se interessa por todos os assuntos, queremos estar em todos os lugares, aceitar todos os convites, preencher a vida de acontecimentos. Ufa, me alcance um copo d'água.
Tudo pra fugir do que, santo Cristo? Da morte, obviamente. Daquilo em que eles, lá atrás, ainda no início da caminhada, não pensam, mas em que nós, mais atentos a todos os riscos que nos cercam, pensamos incessantemente, como se o fato de manter-se ocupado pudesse adiar a maldita.
Só que não caio mais nessa. Chega de tanta atividade, de tanta correria, de tanta agenda lotada. A palavra que eu mais dizia era "agora". Deu. Chega.
Aproveitarei este verão para fazer uma viagem no tempo e voltar para a época em que "depois" era uma resposta aceitável, ainda que extremamente bandeirosa do nosso descompromisso e irresponsabilidade. Portanto, vos digo: depois, e só depois, é que vou ler o mais novo gênio da literatura atual, antes quero tirar um cochilo. Depois eu atendo o telefone, agora vou pegar um sol. Depois eu passo no banco, antes vou visitar uma amiga querida. Depois eu penso se vou aceitar um novo projeto de trabalho, no momento só penso em namorar. Depois eu respondo os e-mails, é hora de caminhar pelo parque. Depois eu termino este texto, preciso urgentemente dar um mergulho.
Martha Medeiros
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É isso aí! "É preciso saber viver, é preciso saber viver..."
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