Muitas informações pertinentes e necessárias na matéria abaixo.
Mercê da elevação do poder de compra do brasileiro via programas assistencialistas, os problemas estruturais e conjunturais ainda se fazem presentes, fortemente, diga-se de passagem, inobstante à propaganda eleitoral.
Cabe ressaltar que a capacidade de acesso à informação é alta e, ainda assim, obtém-se um índice alto de analfabetismo funcional. Acredito que os problemas básicos por detrás dessa realidade não conseguem ser resolvidos satisfatoriamente. Dessa forma a pergunta pertinente seria: Com tantas melhorias e meios disponíveis para auxiliar a Educação, o que mantém estes índices tão altos?
Vale a pena ler e guardar esta reportagem.
Retrato que serve de agenda para o Brasil
O Globo - 10/09/2010
A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad), realizada anualmente pelo IBGE, é um bom retrato do Brasil, só superado a cada dez anos quando o próprio órgão promove o recenseamento demográfico, como no momento. A Pnad 2009 confirmou que cada vez mais brasileiros têm acesso às facilidades da vida moderna. Em 84,3% dos domicílios havia telefone (fixo e/ou móvel), fogão e geladeira em quase todos, máquina de lavar em 44%, televisão em 96%, rádio em 86%, computador em 35% (sendo que 27% dos domicílios estavam conectados à internet). Aproximadamente um terço dos domicílios tinha um carro.
Nos serviços públicos, além das telecomunicações, a universalização está próxima de ser atingida na iluminação elétrica.
Porém será preciso avançar muito no fornecimento de água (84%), na coleta de esgotos (único índice que regrediu, para 59,1%) e de lixo (88,6%).
Na educação, a luta para se acabar com o analfabetismo promete ser ainda longa.
Cerca de 9,7% da população acima de 15 anos são analfabetos, mas o índice chega a 18,7% no Nordeste, o que é muito alto e contribui para perpetuar a desigualdade social e econômica na região. Estados como Piauí, Paraíba e Alagoas estão ainda mais distantes da média nacional e de regiões como o Sul (5,5% de analfabetos) e Sudeste (5,7%). No Nordeste, 40% da população acima de 50 anos são analfabetos, o que torna ainda mais difícil a tarefa de eliminar essa mazela brasileira. Felizmente, entre os jovens, mesmo no Nordeste, o analfabetismo está prestes a desaparecer.
O censo de 2010 mostrará um quadro mais exato sobre o novo perfil da população brasileira, mas a Pnad não deixa dúvida sobre o que os especialistas intitulam de período de transição ou bônus demográfico, durante o qual a grande maioria das pessoas tem idade para produzir e consumir.
É crescente a participação relativa da população com mais de 60 anos no total (de 2008 para 2009 aumentou em 697 mil pessoas), enquanto diminui a de crianças e adolescentes.
O número de brasileiros entre 55 e 60 anos aumentou em 1,8 milhão de um ano para o outro, o que dá bem ideia do mínimo necessário de empregos que o país precisa gerar para ocupar a população adulta.
Esses números podem nortear a agenda do próximo governo. O saneamento básico deve ser uma prioridade, haja vista o contraste dos indicadores do setor com os demais.
É sempre bom frisar que o investimento em saneamento básico reduz significativamente a incidência de doenças nas regiões mais pobres, o que possibilitaria um redirecionamento das políticas públicas de saúde, que serão cada vez mais pressionadas pelo envelhecimento da população.
A mudança no perfil demográfico permite que se invista mais na qualidade da educação do que na quantidade (ainda que o percentual de jovens com acesso às universidades seja insatisfatório), com ênfase no ensino profissionalizante para que a geração na faixa de 20 anos aproveite oportunidades criadas pelo mercado de trabalho.
O bônus demográfico possibilita ao Brasil desarmar a bomba de retardo da previdência social, se o país não postergar mais a reforma inevitável do sistema.
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