Se nossa sociedade fosse madura o Congresso se sentiria fiscalizado, as Assembléias e Câmaras de Vereadores nas 5 565 cidades idem.
O que nos falta é o cidadão assumir seu papel nos 363 dias além dos dias nos quais ele coloca o voto na urna. Mas não somos tampouco queremos atingir este nível de maturidade.
Em um país com 53 denominações religiosas, mais de um milhão de templos espalhados no país e com 28 partidos políticos esbanjando mais de 300 mil (despachantes e procuradores) políticos para pensar e agir pelo cidadão este nível de maturidade JAMAIS será alcançado.
Com esta postura dificilmente deixaremos de ser um país subdesenvolvido, apesar do neologismo inútil e politicamente correto do "emergente". JAMAIS seremos um país desenvolvido.
Urubus do Congresso
FERNANDO RODRIGUES
FOLHA DE SP
Ninguém sabe quantas leis o Brasil tem. Seriam perto de 300 mil. Leis não faltam. O que falta é serem cumpridas.
Mas basta uma tragédia para o Congresso sacar do coldre uma nova proposta de lei. Querem agora uma legislação federal de prevenção contra incêndios -tendo como pano de fundo as mais de 200 mortes na boate Kiss, em Santa Maria.
Aperfeiçoar normas estaduais, municipais ou criar uma lei federal não fará mal. Entretanto o benefício dessas ações é limitado. As regras já existem. A iniciativa do Congresso só comprova o fetiche brasileiro pelo "governo federal nhonhô". Na realidade distorcida do país, se há um problema, Brasília precisa resolvê-lo.
Alguém se lembra da lei exigindo o registro do nome completo, endereço etc. de cada novo portador de celular pré-pago para evitar o uso por criminosos nas prisões? Não deu em nada, embora o cadastro inútil continue a existir. Custa dinheiro e quem paga a conta são os consumidores.
A cidade gaúcha de Santa Maria já tem a lei 3.301, aprovada há mais de 20 anos, em 1991. Proíbe "material de fácil combustão e/ou que desprenda gases tóxicos em caso de incêndio" em locais como "boates e assemelhados". Determina também a instalação de saídas de emergência "com respectiva sinalização".
O que faltou então? Faltou poder público. Um empresário inescrupuloso tem responsabilidade pela falta de rotas de fuga em uma boate. Mas o agente político eleito para comandar a cidade é corresponsável.
Para cumprir a lei são necessários fiscais decentes e preparados. Sem propensão ao achaque. Profissionais que não estejam ali para cobrar propina e depois repartir uma parte com os políticos que os nomearam.
No Congresso, deputados preferem propor uma nova lei. Garantem alguns minutos de fama na TV. Há exceções, claro, mas a maioria ali só pensa em surfar na desgraça alheia.
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