terça-feira, 17 de agosto de 2010

A crise de 2011

O intuito deste post é o de se deslumbrar o nível de dificuldade que se tem em um tipo de evento programático e financeiro quando dois entes públicos estão envolvidos, aliás, no caso do preparo do Rio para 2014 e 2016 há três, município, estado e federação.

Neste caso como também há outras instituições envolvidas, a postura democrática do cidadão participativo, muito além do simples ato de depositar voto nas urnas, é o de saber como acompanhar, fiscalizar e escolher a instituição que represente sua opinião, assertiva ou discordante.

Observem, ainda, que o nível de imobilismo de obras onde os três atores estão envolvidos (município, estado e união) demonstra que o presidente, atual ou eleito, por si só não detém a capacidade de fazer as coisas acontecerem. O elenco de instituições envolvidas, sem mencionar as diretamente envolvidas com preservação de meio-ambiente, é grande e complexo. Muita negociação, cessão e imobilismo, sobretudo os causados por ações judiciais, esperam e serão empecilho para o rápido e livre fluxo dos organogramas.

Apesar do autor estar devendo, ainda, muitas explicações sobre sua gestão na prefeitura do Rio de Janeiro, o que ele ilumina nos é fonte de boas informações e de capacidade de se avaliar como o dinheiro público será empregado.


A crise de 2011 Cesar Maia

FOLHA DE S. PAULO

Já é consensual que o ano de 2011 não será parecido com o ano eleitoral de 2010. A favor do atual governo, lembre-se o governo anterior em 1998, ano de eleição. Nos dois casos, cenas explícitas de populismo cambial e populismo fiscal.

Essa combinação do real sobrevalorizado, juros reais baixos, deficit externo explosivo, deficit público nominal crescente e dívida pública bruta em relação ao PIB em nível recorde não é sustentável. A conta terá que ser paga, claro, com menor crescimento da economia em 2011 e maior desemprego.

O vetor resultante é um só: vença quem vencer a eleição, haverá um freio de arrumação por parte do governo, em 2011. Pode-se pensar em seus desdobramentos econômicos. Mas há outros que exigiriam que o atual governo e os candidatos a presidente assumissem ainda em campanha.

Trata-se da Copa do Mundo de 2014 e da Olimpíada de 2016. O calendário desses grandes eventos avança. O tempo efetivo para as obras chega ao limite. Das 12 subsedes da Copa de 2014, as obras só começaram para valer em um estádio. E, em maio de 2013, pelo menos cinco deverão estar prontos para a Copa das Confederações.

O Maracanã, imprescindível para 2013, ainda se encontra em fase de licitação. O estádio de SP nem se sabe onde será ou se será. Um estádio desses num país com previsibilidade de obras e financeira não leva menos de dois anos e meio. Começando em 2011, o limite já está alcançado para 2013. E sem garantia de fluxo financeiro.

Aqui, os recursos serão públicos federais. E o freio de arrumação exigirá um fluxo muito mais complexo de liberações. Ou os Estados têm como adiantar os recursos para garantir o cronograma ou esse não será cumprido. Entre a medição de uma etapa de obra e a liberação por um banco estatal, lá se vão 45 dias.

Mais grave a Olimpíada de 2016, pois para esta não há jeitinho. Nenhuma obra urbana imprescindível começou.

O trecho do metrô da zona sul já não ficará pronto até maio de 2016. O corredor Barra-Zona Norte, uma obra de quatro anos e meio, da mesma forma. E ambos contam com parte substancial de recursos federais.

Da mesma forma, o parque olímpico onde serão construídos novos equipamentos esportivos só estará liberado após a relocalização do autódromo. As vilas, olímpica, de jornalistas e do COI, que no total abrigarão cinco vezes mais que a Vila do Pan, nem sequer têm localizações definidas, menos ainda a modelagem.

Exigirão, mais uma vez, recursos federais. Ou as autoridades estaduais, esportivas e federais incluem o ano atípico de 2011 em seus planos, ou poderemos todos, ter surpresas desagradáveis.
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