Claro está que tudo tem uma explicação e, talvez, boas justificaticas.
Também estou ciente que existe uma Lei de Licitações em um país soberano e democrático como o nosso, contudo, com uma produtora de insumo de nível internacional tal panorama acontecer em pleno ano de 2010 é, de fato, inquietante. De que forma seríamos competitivos internacionalmente se tal perfil de aquisições de produtos até produzidos no país perder espaço para um país que compra de nós esta matéria prima que nos vende processada?
Fico, entretanto, pensando em postos de trabalho para cidadãos brasileiros. Nossa siderurgia emprega vasta quantidade de mão-de-obra até com baixa qualificação.
Isto, também, é um tema maiúsculo a ser debatido pelos candidatos.
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A estatal Transpetro, subsidiária da Petrobrás, construirá navios no Brasil com aço importado da China, informou o presidente da empresa, Sérgio Machado, conforme o Estado de quinta-feira. Os chineses ofereceram o preço mais baixo numa concorrência de que participaram 15 siderúrgicas, de 8 países. Mas a operação contraria o propósito da Petrobrás e do governo de comprar o mais possível no País. Entre 2003 e 2010, segundo informe da Petrobrás, o conteúdo local nas suas compras passou de 57% para 77%.
Para cumprir o Programa de Modernização e Expansão da Frota (Promef), a Transpetro terá de encomendar a construção de 49 navios, quase dobrando a frota atual de 52 navios. Também contratará a construção de 20 empurradores e 80 barcaças para operarem na Hidrovia Tietê-Paraná. Vários estaleiros foram reabertos para atender à demanda.
A Transpetro pretende comprar um total de 710 mil toneladas de aço, das quais 150 mil já foram adquiridas - apenas 1/3 de siderúrgicas locais. Mais 50 mil toneladas deverão ser adquiridas pela empresa até o final do ano.
O mercado internacional do aço se recuperou, no primeiro semestre, com crescimento de 27,9% em relação ao mesmo período de 2009, quando a indústria global estava em recessão. Mas desde maio voltou a dar sinais de queda. Em junho, a produção global cresceu 18% em relação a junho de 2009, mas caiu 4,4% em relação a maio. Houve desaceleração na China, na Ásia e na Europa, segundo a World Steel Association.
Embora as siderúrgicas brasileiras operem em ritmo semelhante ao de 2008, há ociosidade nas linhas de fabricação de chapas grossas, empregadas na construção de navios. As empresas atendem aos mercados interno e externo. As exportações de semimanufaturados de ferro e aço cresceram 67%, no primeiro semestre, e 170%, entre junho de 2009 e 2010.
Diante do aço chinês, a competitividade do aço brasileiro é baixa, em razão de tributos e custos elevados de mão de obra, além do real valorizado. Enquanto a China prefere importar e processar o minério de ferro, exportando o aço para o Brasil e o mundo, o Brasil exporta mais minério de ferro (US$ 9,5 bilhões, no primeiro semestre) do que produtos siderúrgicos.
O aço chinês é produzido por estatais e subsidiado pelo governo, o que a Transpetro não reconhece. O resultado final da compra do insumo da China será uma diminuição de conteúdo local nos navios encomendados pela Transpetro, pois o aço tem peso expressivo nas embarcações.
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