sexta-feira, 20 de agosto de 2010

O inchaço do currículo escolar

O texto faz um repasse radiográfico do Ensino no país eivado de ideologia e corporativismo.
Fruto de nossa prematura adesão às perspectivas de "novas propostas" advindas da revolução cultural ocorrida em Paris em 1968, nossa inteligentza ainda não conseguiu acordar de tal torpor ideológico que nos furta a busca do desenvolvimento social e redução da desigualdade ao produzir profissionais bem preparados para a competição internacional. Aliado a isso ainda temos, como mesmo resultado, um fenomenal volume de livros de auto-ajuda vendido nas livrarias do país em detrimento de livros de história, sociologia, literatura e similares comuns ao elenco de livros de educação complementar não dirigida em qualquer sociedade organizada e madura.

 Como o texto dá um exemplo de São Paulo, entende-se agora porque o secretário de Educação, Paulo Renato, ex-ministro da Educação, também economista reconhecido, vem sofrendo eventuais ataques em jornais de grande circulação no país. É um patrulhamento comum em reações deste calibre.

Não é por outro motivo que falta mão-de-obra especializada e passarmos pela vergonha de dar melhores postos de trabalho para imigrantes melhores qualificados que nossos filhos.
Isto é um assunto capital, de governança social, todavia nosso cidadão vem sendo anestesiado ao longo dos últimos anos e aliado a sua idiossincrática mania de se omitir de assuntos sociais coletivos, permite-se que a ideologia e o corporativismo impregne-se em nossas crianças, infelizmente.

Com o avanço da China em assuntos internos de nossa economia em poucos anos teremos crianças chinesas de agora ocupando os cargos na economia nacional....nossa!!!

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O inchaço do currículo escolar

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Introduzidas no currículo do ensino médio para afirmar teses "politicamente corretas" ou em resposta a pressões ideológicas e corporativas, disciplinas como cultura indígena e cultura afro-brasileira estão agravando as distorções do sistema educacional brasileiro.

Não bastasse a dificuldade que já enfrentam para ensinar aos alunos as disciplinas básicas, como português, matemática e ciências, ao serem obrigados a lecionar disciplinas criadas com o objetivo de resgatar a "dívida histórica com a escravidão" e a "dívida social com os povos da floresta", muitos professores acabam perdendo o controle dos seus cursos, transformando-os em verdadeiros pastiches de informações ideologicamente enviesadas.

Só nos últimos três anos, emendas aprovadas pelo Congresso incluíram seis novas disciplinas na Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB). Além de cultura afro-brasileira e cultura indígena, a rede escolar de ensino básico também tem de oferecer as disciplinas filosofia, sociologia, meio ambiente, regras de trânsito e direitos das crianças e dos idosos. 

Tramitam ainda no Congresso centenas de projetos propondo a criação de mais "conteúdos" como esses. No levantamento que fez para sua tese de doutorado, a professora Fátima Oliveira, da Universidade Federal de Minas Gerais, constatou que só a Câmara dos Deputados recebeu 545 propostas desse tipo, entre 1995 e 2003. 

O inchaço do currículo acarreta graves problemas. Compromete a adoção de novos projetos pedagógicos, obriga os professores a reduzir a carga horária das disciplinas básicas, para lecionar as novas matérias, e acarreta desperdício de recursos, pois as escolas têm de produzir material didático. Esses problemas tendem a perpetuar a má qualidade da educação básica, como deixa claro o desempenho dos estudantes brasileiros nas provas e testes internacionais de avaliação de conhecimento. Com uma alfabetização e uma formação deficientes, eles estão sempre nas últimas colocações. 

Políticos, movimentos sociais e entidades engajadas defendem a introdução das novas disciplinas alegando que elas promovem a inclusão social. Segundo eles, a "escolarização" de temas sociais abriria caminho para a justiça social. Os especialistas discordam. "A escola tem de dar os fundamentos para que o aluno faça sua leitura do mundo. Não é a oferta de disciplina sobre drogas que vai garantir que o jovem se afaste do vício", diz a presidente do Conselho Nacional de Secretários da Educação, Yvelise Arcoverde. 

No mesmo sentido, não são disciplinas como cultura afro-brasileira e cultura indígena que vão reduzir as disparidades de renda. Como tem sido evidenciado pelas recentes e bem-sucedidas experiências de países como a Coreia do Sul e a Índia, só a formação básica de qualidade garante a redução da pobreza e assegura o capital humano necessário a uma economia capaz de ocupar espaços cada vez maiores no mercado mundial. "Cada vez mais se está entulhando coisas nos currículos, por meio de emendas na LDB", afirma a pesquisadora Paula Lozano, da Fundação Lemann. "São tantas emendas que se torna impossível montar um currículo", argumenta Mauro Aguiar, do Colégio Bandeirantes.

Em vez de ser objeto de decisão legislativa, a organização do currículo escolar deveria ficar a cargo de órgãos técnicos e as redes escolares deveriam ter autonomia para definir os conteúdos pedagógicos que consideram necessários à formação de seus alunos. Defendendo essa tese e se empenhando para evitar o desfiguramento do ensino básico, alguns colégios particulares decidiram fazer lobby para desbastar os currículos. A ideia é que as novas disciplinas sejam lecionadas como parte das disciplinas básicas, sem necessidade de aulas exclusivas para os chamados temas sociais. 

A iniciativa parece estar dando certo. Em São Paulo, por exemplo, o Conselho Estadual de Educação acaba de emitir um parecer permitindo que os conteúdos de filosofia e sociologia sejam dados dentro de outras disciplinas - como história. É um exemplo a ser seguido pelos outros Estados. 
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