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Há no país uma Argentina sem água e quase três sem esgoto'
Agencia o Globo/Fabiana Ribeiro - 09/09/2010
PAULO CANEDO
Especialista em saneamento pela Coppe/ UFRJ, o professor Paulo Canedo destaca que no Brasil há milhares de pessoas sem acesso à rede de esgoto, correspondendo a quase três Argentinas.
Sem abastecimento de água, também há um déficit de uma Argentina, calculou. Segundo ele, faltam investimentos, regras e regulação no setor de saneamento básico no país: O setor é hoje um jogo sem juiz e sem regras.
O GLOBO: Por que há tantos lares no Brasil sem saneamento básico? PAULO CANEDO: Faltam investimentos.
O Brasil passou 30 anos sem investir, deixando o setor de saneamento numa situação ruim. Hoje, estamos falando de um problema nacional, que atinge naturalmente as regiões mais pobres. Faltam mais do que investimentos: falta um órgão regulador, faltam regras. O setor é hoje um jogo sem juiz e sem regras. Não pode dar certo.
Por outro lado, o abastecimento de água atinge mais famílias...
CANEDO: Sim. Água dá mais voto do que esgoto, além de exigir um projeto de menor complexidade e custo mais baixo do que esgoto. Investir em saneamento é um projeto que leva alguns anos. E os efeitos de uma rede instalada, demorados, só aparecem após cinco anos. Assim, há no país uma Argentina sem água. Mas quase três sem esgoto.
Mas alguns investimentos já saíram do papel com as obras do PAC.
CANEDO: O Brasil começa a acordar para a necessidade de se investir nesse setor. Esse despertar, contudo, é tímido e lento. O Rio de Janeiro, por exemplo, até por causa das Olimpíadas, tem o compromisso para avançar nessa área.
Já se vê investimentos na Baixada Fluminense e, fora do Rio, é possível citar Vitória. Mas, em 10 anos, ainda estaremos longe do ideal.
A questão ambiental já é uma preocupação do setor?
CANEDO: É uma questão mais recente, sim, que também começa a ser questionada pela população. Nos projetos, surge a questão da poluição sobre os recursos hídricos.
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