O Estado de S. Paulo
Em resposta às críticas de analistas, Gabrielli disse que estatal continuará investindo em novas plantas
A capacidade das refinarias de petróleo do Brasil está muito aquém da demanda. No ano passado, o déficit somou 382 mil barris de derivados por dia, especialmente por causa do forte crescimento das Regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste - onde o volume de importação chegou a 464 mil barris. O Sul e Sudeste ainda conseguem suprir suas necessidades. Em 2010, houve superávit de 82 mil barris.
Mesmo com a entrada em operação da primeira fase do Comperj, no Rio de Janeiro, e da Refinaria Abreu Lima, em Pernambuco, a tendência é de que o déficit aumente até 2015, para 439 mil barris por dia. Só a partir de 2016, a situação começaria a se estabilizar com o início de funcionamento das refinarias Premium, da Petrobrás. Os dados foram apresentados ontem pelo presidente da estatal, José Sérgio Gabrielli, em resposta às críticas feitas por analistas financeiros sobre os investimentos da empresa em novas refinarias.
Segundo ele, a construção de unidades, principalmente no Nordeste, impedirá o crescimento mais expressivo da dependência brasileira por derivados importados como gasolina e diesel. "Se não investirmos em refinarias, a importação que hoje equivale a 5% do total de derivados subiria para 40% em 2020."
Os estudos da Petrobrás indicam que a demanda interna passará dos atuais 2,2 milhões de barris para algo entre 3 milhões e 3,3 milhões de barris diários de derivados em 2020. A capacidade brasileira de refino, por sua vez, saltará de 1,8 milhão de barris para aproximadamente 3 milhões de barris por dia. "Vamos investir em refinarias, apesar de os bancos continuarem reclamando."
Para Gabrielli, o mercado brasileiro está bombando. No ano passado, a demanda por gasolina cresceu 19% e, no primeiro semestre deste ano, 6,7%. "Vocês acham que uma empresa do porte da Petrobrás vai assistir isso calada, parada e perder a oportunidade de estar num dos maiores mercados do mundo?" Segundo ele, o Brasil ingressará em um seleto grupo de nações cuja demanda interna supera 3 milhões de barris diários, formado por Estados Unidos, China, Índia e Japão.
A resposta da estatal para o aumento da demanda é a construção de quatro refinarias, sendo três na Região Nordeste (Pernambuco, Maranhão e Ceará) e uma no Rio de Janeiro. "A demanda maior por derivados de petróleo está nas Regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste. Por isso, as refinarias estão lá. É lá que está o mercado." Boa parte das explicações sobre os investimentos em novas refinarias foi direcionada aos analistas financeiros. Um deles estava presente no evento do Grupo Estado. É o analista do BTG Pactual, Gustavo Gattass, que criticou a pressa da estatal para investir nas novas plantas e em outros projetos fora da área de exploração e produção de petróleo.
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