KENNETH MAXWELL
FOLHA DE SP
Robert Zoellick, presidente do Banco Mundial, alertou que muitos investidores estão perdendo a confiança na liderança econômica de alguns dos países mais importantes do mundo. Falando em Sydney, Austrália, no começo da semana, ele disse que a consequência disso era que estávamos entrando em uma "nova zona de perigo".
Os comentários de Zoellick refletem as preocupações de comentaristas econômicos importantes, como o administrador bilionário de fundos de investimento e filantropo George Soros e o lendário Warren Buffett, conhecido como "o sábio de Omaha".
Buffett desafiou a ortodoxia do Partido Republicano no que tange a rejeitar aumentos de impostos. Ele acredita que os mais ricos nos EUA foram mimados por um regime tributário muito generoso e que não fazem contribuição justa para as finanças do país. Buffett, cujo patrimônio é estimado em US$ 50 bilhões pela revista "Forbes", é a terceira pessoa mais rica do mundo, depois do mexicano Carlos Slim e de Bill Gates. "Essas bênçãos nos são conferidas por legisladores em Washington que se sentem compelidos a nos proteger, como se fôssemos corujas raras ou outra espécie ameaçada". Buffett definiu as transações econômicas exóticas cuja popularidade causou a crise de 2008 como "instrumentos de destruição financeira em massa".
Soros atacou os líderes da zona do euro de modo não menos enfático. Propôs, no "Financial Times", três passos para uma solução abrangente da crise do euro: reforma e recapitalização do sistema bancário; criação de títulos de dívida da zona do euro; e um mecanismo para saída.
Os bancos da zona do euro, diz, elevaram seus passivos de maneira absurda, alimentando booms imobiliários na Irlanda e na Espanha, e agora requerem fiscalização severa.
A zona do euro precisa emitir títulos comuns, garantidos em conjunto por todos os seus integrantes. Sem eles, acredita Soros, o euro implodirá.
Alguém ouvirá Zoellick, Buffett e Soros? Aparentemente não a chanceler alemã, Angela Merkel, ou o presidente francês, Nicolas Sarkozy, que rejeitaram a ideia de títulos unificados para o euro em reunião de cúpula em Paris. O BCE interveio precocemente, adquirindo títulos espanhóis e italianos. Mas o crescimento da economia alemã estancou e a francesa está estagnada. A timidez política continuada da zona do euro pode provar que Soros está certo.
Enquanto isso, o novo astro na disputa pela indicação presidencial republicana, o governador do Texas, Rick Perry, atacou o presidente do Fed, Ben Bernanke. Ele seria "quase um traidor" se imprimisse mais dinheiro antes da eleição de 2012, disse o governador.
Tradução de PAULO MIGLIACCI
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