Brasileiro gosta de viver paradigmas, parece ser um tipo de eterna justificativa para sua anomia, para sua inexorável vontade de se incluir "fora" das grandes responsabilidades. Também pudera, pergunte qual brasileiro que gosta de ir em reunião de condomínio onde mora? De reunião de professores com os pais. Vai amarrado, quando está pegando e mesmo assim procura eternos culpados ou desculpas para sua falta de engajamento até que a coisa pega.
O melhor dos paradigmas, diga-se de passagem há anos, é culpar a Educação como genese de nossas mazelas. Mas uma Educação atribuída a Escola. Se o país está com problemas, a culpa é da Educação e do governo que não a dá para seus compatriotas.
Ledo engano, ledo e lastimável engano de quem está mergulhado até o talo na anomia. Que está habituado a terceirizar, no voto, sua responsabilidade aos políticos. Se fosse mais participativo o brasileiro conferiria nas Leis de Orçamento Anuais que Educação e Saúde são as pastas executivas de maior participação de investimentos. Mas de pouco adianta, o brasileiro não gosta de ler.
Seria inviável retornar cerca de setenta ou mais por cento de brasileiros para os bancos escolares, mesmo se o governo só colocasse dinheiro na Educação, ignorando todos os demais segmentos também importantes que concorrem para tal. Saúde, Telecomunicações, Fazenda, Infra-Estrutura, Transportes, Cidades etc.
Temos que começar a entender e aceitar que o problema dos brasileiros está MUITO além das salas de aula. Começa ao observar o comportamento de seus pais. Estes, por sua vez, são uma expressão do que absorvem da sociedade e seus agentes imediatos: Novelas, programas vespertinos, de auditório e outros deploráveis exemplos que, lamentavelmente, possuem elevados índices de audiência. Depois ele segue para a Escola onde professores e profissionais de ensino também são frutos da mesma realidade.
A faina educacional prossegue além da sala e reside aí, de acordo com o que percebo, o maior problema: Acesso a jogos de computadores violentos, mídias sociais, novelas assistidas com empregadas domésticas, novelas e programas vespertinos e os execráveis programas padrão BBB e UFC. A velhacaria, a exposição e quebra de valores pululam tais programas incutindo o "certo" na cabeça do jovem cidadão.
Não temos como melhorar, nem em curto, tampouco médio prazo tal realidade porque a sociedade não quer abrir mão de seus agentes de entretenimento, afinal, "a vida tá tão dura pro brasileiro".
Enfim, o que vemos nas ruas as crianças e jovens também assitem, tais exemplos são por eles absorvidos e somente um rebatimento com referenciais éticos sólidos, que pais e professores dificilmente também tem, é que poderiam promover algo de mudanças.
Nossa Educação vem sendo atacada por ideologias. Nos últimos vinte anos inseriu-se, a força, matérias de conteúdos politicamente corretos tirando espaço de matérias tradicionais. O resultado hoje é que não temos melhores e mais conscientes cidadãos a olhar-se em lixos nas ruas, enchentes, preconceitos, violência urbana contra patrimônio e pessoas. Em contra-partida, por suprimir-se matérias clássicas estamos oferecendo nada mais do que candidatos ao apagão de mão de obra em todo país e uma constante desindustrialização, também por perda de competitividade.
Se não nos mobilizarmos contra os programas de televisão, vendas de jogos de computadores e outros outros estapafúrdios atores sociais, se não nos mobilizarmos para uma profunda revisão em nossa leniente Constituição da República Federativa do Brasil, se não mobilizarmos a sociedade civil organizada, jamais sairemos da situação de "eternos país do futuro".
Enfim, para mim esta é a discussão essencial. A mudança dificilmente virá, pois não temos nenhum referencial público que nos alerte para a situação para a qual estamos, de forma inexorável, rumando. Alguém consegue apontar um referencial público confiável, de penetração em todo território nacional, em todos os segmentos sociais, alguém que, pelo menos, nos impila a questionar nossa deplorável admiração latente pela "Lei de Gerson"? É uma pena. Há anos, desde que começamos a internet no país, que as buscas de soluções para a "tal da Educação" são cobradas, mas sempre no fim, o cidadão que se pronuncia sobe no muro e espera que outrem dê o primeiro passo.
Quanto a mim? Procuro, incansavelmente, dar exemplo para minhas filhas, sobrinhos, afilhadas, subordinados e próximos. Dá um enorme trabalho, mas é a forma pela qual acredito ser a saída.
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