terça-feira, 10 de agosto de 2010

Brasil importa cada vez mais produtos acabados

Importar mais produtos básicos do que manufaturados significa, por outras vias, postos de trabalho sendo pagos no país que vende, ou seja, deixamos de gerar empregos para processar produtos passando a vendê-los para serem completados no país de origem com postos de trabalho criados ou mantidos lá.

Da mesma forma, importar produtos prontos significa que deixamos de montá-los aqui (farta e ampla indústria secundária), gerando empregos e diminuindo a exclusão social, mas no país de origem esta equação fica resolvida. Ademais, o produto fica menos incidente de carga tributária, daí o cliente brasileiro se sentir mais tentado a comprar pronto de lá do que ajudar a gerar empregos aqui.

Enfim, amigo leitor, são 80% de aprovação a esta política. Estatística é uma ciência exata. Dá para se desconfiar de muitos dados otimistas que circulam fartamente na mídia. Estes eventos periféricos desnudam o que os dados, eventualmente produzidos, conclamam.

Ressalta-se, ainda, que perde-se muito tempo com políticas externas com base em ideologia do que em pragmatismo.

Brasil importa cada vez mais produtos acabados


Nos sete primeiros meses de 2010, o saldo da balança comercial foi de US$ 9,237 bilhões, acusando queda de 45% em relação ao mesmo período de 2009. Uma mostra das dificuldades que teremos para chegar aos US$ 13 bilhões previstos pelo Banco Central (BC), não por falta de exportações, que provavelmente ultrapassarão a previsão do BC, mas pela alta das importações, que pela segunda vez consecutiva ultrapassaram as vendas externas.




O problema é tentar explicar o fenômeno que parece se fortalecer. Não há dúvida de que a taxa cambial continua favorecendo maiores compras no exterior, levando em conta a pesada carga tributária que recai sobre os produtos brasileiros. É possível que, diante da deterioração do resultado da conta de transações correntes, os importadores tenham apostado numa desvalorização do real ante o dólar, e adiantaram suas compras no exterior.





A análise do comércio exterior em julho mostra que a exportação de produtos básicos ultrapassou a de bens manufaturados. Ora, os produtos básicos sofrem fortes variações de preços, além de serem de menor valor adicionado. No ano passado, a participação dos produtos básicos era ligeiramente inferior à dos produtos manufaturados: 42,6%, ante 42,9%. Neste ano, para os sete primeiros meses, a situação mudou: 43,6%, ante 40,2%. Os preços dos manufaturados, em certos casos, aumentaram mais em relação ao mesmo período do ano passado. Além do minério de ferro (151,4%), certos manufaturados tiveram uma elevação de preços muito importante, como os veículos de carga (145,4%) e as máquinas de terraplenagem (135,4%), para citar dois produtos que mais foram exportados entre os manufaturados.


Examinando as importações para os sete primeiros meses, verifica-se que as de bens de capital diminuíram de 24,9%, em 2009, para 22%, neste ano; as de bens intermediários aumentaram de 46,6% para 46,7%; mas as de bens de consumo duráveis cresceram de 8,3% para 9,7%, o que parece resultar de certo grau de desindustrialização.

Tudo indica que as empresas brasileiras, que vinham aumentando suas importações de bens intermediários já há algum tempo, agora estão importando mais bens de consumo duráveis prontos que, antes, eram montados no Brasil.

Em julho houve mudança na distribuição geográfica do comércio exterior: a China assumiu o primeiro lugar nas vendas para o Brasil, com US$ 3,268 bilhões, que aumentaram 13,1% em apenas um mês.
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