domingo, 12 de junho de 2011

Cenário mundial


Profº Gustavo Alberto Trompowsky Heck

Ao anunciar que comandos da marinha norte-americana haviam abatido o maior inimigo da nação, Osama bin Laden, o presidente dos EUA, Barack Obama, enfatizava: “a justiça foi feita" e "o mundo está mais seguro". Em Nova York a população foi para as ruas comemorar a eliminação do maior responsável pelos trágicos acontecimentos do onze de setembro, em meio a medidas de segurança e advertência sobre possíveis represálias da al-Qaeda. William Hague, Chanceller do Reino Unido, advertia: “como qualquer organização que sofre um duro golpe, a al-Qaeda vai querer mostrar que ainda é capaz de operar”
Candidato à reeleição, Obama procurou explorar politicamente a ação das forças especiais dos Estados Unidos. De fato, os institutos de pesquisa, imediatamente, detectaram um avanço de mais de cinco pontos nos indicadores da popularidade do presidente. Parecia, para quem assistisse as manifestações pela TV, que o terrorismo havia sido derrotado de forma definitiva.
Em entrevista, a iraniana Mina Ahadi, do Comitê Internacional Contra o Apedrejamento de Mulheres, ressaltava: “o terrorismo não resume a bin Laden”, uma vez que “há muitos governos, organizações e outras figuras políticas que também representam esse movimento”.   
Por seu turno, Karim Emile, do Instituto de Relações Internacionais e Estratégicas de Paris, destacou que “Bin Laden nunca foi realmente popular no mundo árabe, por ser visto como um homem que deturpou a religião muçulmana e manchou a imagem dessa parte do mundo”.
Por outro lado, é preciso ter presente que a visão radical do ex-líder da al-Qaeda não está inserida na agenda dos movimentos de reforma que ocorrem no mundo árabe.
Para nós, brasileiros, cabe atentar para algumas lições deixadas pelos fatos ocorridos no Paquistão, de modo especial a invasão de um país soberano pelos Seals – tropa de elite da marinha americana – Algo tido como normal, e aceitável, pelo próprio porta-voz da Casa Branca, Jay Carney ao comentar que “a missão militar em Abbottabad ocorreu dentro da legalidade. Foi uma operação de autodefesa do país".
Como destacou o Jornal do Brasil, em editorial: “apesar da cortina de fumaça ufanista com que tentam cobrir a operação dos militares norte-americanos que matou Osama bin Laden, a ação é passível de muitos questionamentos. Houve o que a diplomacia internacional chama de “assassinato seletivo”, procedimento em que uma pessoa específica é eliminada, em território estrangeiro, por forças oficiais de um país a que se contrapõe. As convenções de Genebra, que tentaram dar um caráter minimamente humano aos conflitos internacionais, não mencionam esse tipo de operação”.
A alta comissária de Direitos Humanos da ONU, Navy Pillay, ao cobrar mais detalhes sobre a operação, ressaltou que "todos os atos contra o terrorismo devem respeitar o direito internacional".
Fica claro que, quando necessário, a potência hegemônica não se furtará de aplicar a força militar (Hard Power) para atingir seus objetivos estratégicos.
 Ora, a geopolítica do século XXI aponta para a emergência de assuntos como a demanda crescente por recursos naturais; a intensificação das migrações e o gerenciamento responsável das questões ambientais. Nesse cenário nosso país estará lidando com ameaças que nos afetam diretamente. Possuímos enormes reservas de minerais estratégicos; detemos os maiores reservatórios de água potável; uma significativa parcela da biodiversidade mundial; cerca de 30% das florestas tropicais e, uma infindável gama de energias alternativas. Em outras palavras: dispomos de água, alimentos e energia. A grande maioria dos polemologistas – estudiosos do fenômeno guerra - reconhece que a origem dos novos conflitos não estará associada a questões de ordem ideológica, mas sim à incessante busca por recursos naturais.
Um País como o Brasil, favorecido por seus incontáveis recursos naturais, por sua localização geoestratégica e, ainda, por sua crescente projeção na cena internacional, não pode prescindir de um adequado sistema de defesa, suficientemente capaz de garantir a conquista e manutenção dos seus interesses nacionais.

 O autor é Membro do Corpo Permanente da ESG; M.Sc em Segurança e Defesa Hemisférica pela USAL/CID e M.Sc em Engenharia de Produção pela COPPE/UFRJ.
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