terça-feira, 14 de junho de 2011

Comida para o mundo

Amigos segue um tema muito importante para nossa sociedade que, inclusive, é fundo para a aprovação do Código Florestal, como também nossa consolidação no agrobusiness mundial, conquista paulatina dos últimos vinte e cinco anos onde os mercados internacionais hoje reconhecem a excelência de nossos produtos.

Para ajudar na análise proponho os seguintes pontos:
* Nossa capacidade educacional e intelectual é baixa em relação aos demais países o que interfere, sobremaneira, na capacidade de produção de tecnologias de alto valor agregado;
*Essa condição nos atira, necessariamente, para aplicação, em termos de pleno emprego, passando pela agricultura e sua cadeia produtiva em função de, no geral, ser menos exigente em termos de competência, dos produtos de tecnologia industrial;
*Há forte interferência de movimentos sociais, alimentados por ONG estrangeiras, remando contra a plena produção agrícola, notadamente o MST relembrando-se a invasão do EMBRAPA e das fazendas de produção para a exportação;
*Não havendo a industrialização plena, o único segmento que permite investimentos na infra-estrutura de transportes, irrigação, telecomunicações, energia e saneamento é a agricultura, sendo o principal fator de inclusão social e de redução da desigualdade;
*A demanda por produtos está aumentando em função de intempéries climáticas e aumento da capacidade de compra em países muito populosos, tais como Índia, China e Rússia.

Assim, brevemente, procurei iluminar a importância desse fenômeno econômico em nosso desenvolvimento. Parece que o mundo, uma vez mais, está nos apontando o caminho de tirar o pé da lama e crescer de forma sustentável.

Vale a pena acompanhar.





Comida para o mundo
O Estado de S. Paulo


O Brasil terá muito a ganhar como grande exportador de alimentos, nas próximas décadas, se a evolução do mercado internacional confirmar as projeções da Agência das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) e da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) - e o governo brasileiro limitar a influência dos inimigos do agronegócio. Os preços agrícolas continuarão elevados e em 2020 serão provavelmente mais altos do que em 2010, em termos nominais e reais, segundo aqueles estudos, preparados para subsidiar discussões e decisões políticas do Grupo dos 20 (G-20), formado pelas maiores economias avançadas e emergentes.

A forte instabilidade dos preços agrícolas agravou a fome nos países mais pobres, nos últimos anos, e a partir de 2010 afetou o custo de vida também no mundo rico. O Banco Mundial e o FMI vinham desde antes da crise financeira ajudando países de áreas menos desenvolvidas a socorrer as populações mais afetadas pelo encarecimento da comida. O G-20 encampou esse objetivo. Agora, sob a presidência francesa, sua agenda inclui discussões de políticas para conter a volatilidade de preços e a especulação financeira nos mercados de produtos agrícolas.

Segundo o estudo da FAO e da OCDE, os preços das carnes poderão subir 50% até o fim da década. As cotações dos grãos poderão aumentar até 20%. Projeções desse tipo são sujeitas a grandes erros, mas os técnicos envolvidos no trabalho usaram enorme volume de informações sobre produção, demanda e preços nas últimas décadas para formular estimativas de longo prazo. Um relatório divulgado no começo de junho pela FAO contém estimativas para mais de quatro décadas: por volta de 2050 a população mundial terá chegado a 9 bilhões de pessoas e a demanda de alimentos terá crescido entre 70% e 100%.

O aumento da procura será determinado - como tem sido nas últimas décadas - pelo crescimento populacional, pela urbanização e pelo aumento da renda familiar em economias em desenvolvimento.

A grande alta de preços em 2007-2008 e depois em 2010 foi impulsionada por vários fatores. A demanda crescente pressiona os mercados. Além disso, houve secas em alguns importantes países produtores e inundações em outros. O mercado financeiro tornou-se perigoso, o dólar desvalorizou-se e tornou-se intensa a especulação no mercado de produtos básicos. Mesmo sem a repetição de alguns desses fatores, as cotações poderão ser fortemente empurradas para cima, nos próximos anos, se forem confirmadas as projeções globais de uma produtividade menor que a da última década.

A agenda do G-20 inclui a busca de políticas para atenuar o problema da fome. O número de famintos aumentou de 820 milhões em 2007 para mais de 1 bilhão em 2009 e recuou depois para cerca de 900 milhões.

A FAO propõe três linhas de ação para combater a volatilidade das cotações: maior transparência no mercado, com melhores informações sobre produção e estoques; formação de estoques de segurança; e regulação dos mercados futuros, para limitar as oscilações de preços. Como medidas de longo prazo, são sugeridos investimentos em pesquisas, programas de modernização agrícola das economias em desenvolvimento, atenção à infraestrutura e ao armazenamento e ações para limitar o conflito entre produção de energia e produção de alimentos.

Talvez nenhum país tenha mais condições do que o Brasil para atingir por conta própria vários desses objetivos. O aumento da produtividade tem permitido poupar recursos naturais, a começar pela terra. Biocombustíveis coexistem com safras crescentes de alimentos. A produção de carnes é altamente competitiva. Mas, para tirar o máximo proveito das novas oportunidades do mercado global, o País precisa ampliar o investimento em pesquisa, racionalizar a tributação, eliminar os gargalos da infraestrutura e garantir a segurança do produtor profissional. Assim o Brasil não sofrerá maiores abalos, mesmo num cenário global menos favorável.
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Um comentário:

  1. Jefferson,

    Gostaria de perguntar quando que a racionalidade no Brasil superará mitos não científicos como os que dizem que a agricultura é um modo de produção de países atrasados?
    A agricultura no Brasil, a despeito de todo simpatizante do MST e do ecologismo, é um setor econômico que utiliza muito conhecimento científico. Agricultura não é roça.
    Está aí a EMBRABA de velhos tempos e a crescente produção e produtividade da agricultura para provar. Talvez a nossa seja a com mais valor agregado na produção do mundo.
    Devemos acabar com a vergonha da produção agrícola, porque é ela que mantém o superávit primário do país.
    Agora se voltarmos aos clássicos, perceberemos a oportunidade para o Brasil.
    Como o mundo está enriquecendo, a lei de oferta e procura de Adam Smith favorece ao produtor. Entretanto, tende a favorecer aquele que, segundo David Ricardo, possui as maiores vantagens comparativas.
    Assim, seja por Adam Smith seja por Ricardo, o Brasil tem tudo para enriquecer com a demanda do progresso econômico que se forma e com a produtividade da agricultura nacional.
    Basta somente segurar os simpatizantes do MST e deixar os produtores fazerem o que sabem.

    Um abraço
    Luiz Jardim

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