A pesquisa foi feita em apenas 141 municípios em um total de 5 560. Eu não tenho certeza se, cientificamente, podemos chegar a conclusões coerentes, todavia o mais importante é que esse tipo de percepção foi contemplado na pesquisa.
A questão de fundo é que os respondentes ainda atribuem ao governo a maior carga de responsabilidade.
Quando é que as partes individuais dos cidadãos serão ressaltadas e reconhecidas?
Vale uma reflexão.
CONDICIONADOS PELA VIOLÊNCIA
EDITORIAL
ZERO HORA (RS)
Cada vez mais habituados à violência no cotidiano, é natural que os brasileiros reprovem majoritariamente as condições de segurança no país. Um aspecto positivo gerado por essa sensação de insegurança é que, diante de um problema percebido como em expansão, a população não se restrinja a fazer o que está ao seu alcance, como alterar gradativamente seus hábitos no esforço de se preservar. A sociedade, majoritariamente, tem clareza sobre o que precisa ser feito pelo poder público no esforço de conter a criminalidade – a começar pela redução da impunidade. E, entre as ações passíveis de serem implementadas, tende a optar por algumas incluídas entre as mais sensatas, que deveriam merecer atenção especial do poder público.
O diagnóstico nessa área – que inclui a segurança pública e a questão das drogas entre os três principais problemas do país, depois do drama da saúde – foi possível a partir de pesquisa realizada pelo Ibope para a Confederação Nacional da Indústria (CNI) em 141 municípios. O trabalho, divulgado agora, é importante justamente por demonstrar como a sociedade percebe a insegurança, mas também como gostaria de vê-la combatida. Se a população faz a sua parte no esforço de se preservar, evitando sair à noite e mudando o trajeto entre sua casa e a atividade rotineira, é natural que espere ações concretas também por parte dos governantes. E as providências aguardadas são as óbvias, capazes de serem postas em prática com ações previsíveis, a começar pela valorização sob todos os aspectos dos profissionais ligados à área.
Os brasileiros demonstram realismo em relação à chaga da criminalidade ao atribuírem-na em grande parte à impunidade e ao manifestarem apoio a ações realmente eficazes. É o caso, entre outras, do combate ao tráfico de drogas, de mais políticas sociais, de maior presença do Estado com políticas de educação e saneamento, de punições mais duras para crimes violentos e da adoção de penas alternativas para os de menor gravidade. E, embora apoiem majoritariamente políticas de tolerância zero, nas quais todo tipo de infração ou ilegalidade é punido, os entrevistados, em sua maioria, defendem a prisão perpétua, mas se dividem em relação a questões mais polêmicas, como a pena de morte, por exemplo.
No momento em que o Brasil está prestes a se transformar em vitrine internacional, em decorrência das competições esportivas que receberá, o estudo constitui-se num referencial de peso para a definição de políticas de segurança. É importante que as providências a serem tomadas agora possam contemplar ao máximo as expectativas da maioria da população. Ao mesmo tempo, é preciso que, ultrapassada esta fase e depois da realização de eventos como a Copa, a preocupação com a redução da criminalidade se mantenha, permitindo melhor qualidade de vida para todos os brasileiros.
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