Só para registro, vale relembrar que tanto o Irã como a Coréia do Norte enviaram representantes presentes na reunião do diretório do PT que, formalmente, indicou Dilma para ser candidata à presidência. Valeria a pena a mídia inveredar, logo, por esta vertente para ver se haverá envolvimentos da sociedade brasileira no iminente conflito. Estes países também são observadores do Foro de São Paulo onde a cúpula do PT também é signatária. Tá tudo na mídia, basta procurar no google que se encontra, ou seja, mensagem aberta veiculável.
A questão reside em geopolítica. A Coréia do Norte é um fudamental ponto de apoio para se barrar o avanço do isolamento eventual futuro da China naquela região. Ou seja, se algum dia, ao se desobedecer um acordo comercial, a ONU ou demais organizações internacionais poderiam usar todos os países aliados, inclusive os EUA, para bloquear as saídas de produtos nos portos chineses. Relembro que durante seis meses do ano aquela região o mar se congela em muitos pontos o que restringe as rotas de circulação.
Outro ponto geopolítico é que a Coréia do Norte possui muitas elevações próximas a fronteira com a China. Perder o controle e acesso a este país significa dizer que países aliados aos EUA poderiam, naquelas elevações, implantar uma variedade de antenas e controles de comunicação e satelital que poderiam prejudica as transações comerciais, on line, chinesas.
Observem que são dois países pequenos, muito distantes mas de fundamental peso na paz no mundo.
China precisa deter a Coréia do Norte
O GLOBO
24/11/2010
A comunidade internacional tem um "novo" problema: a Coreia do Norte. Especialistas convidados a visitar o país relataram insuspeitados avanços no programa nuclear norte-coreano. E agora Pyongyang ataca uma pequena ilha na fronteira entre as duas Coreias, matando dois fuzileiros do Sul e ferindo 16, além de três civis, num ato de guerra. O pretexto foram manobras militares da Coreia do Sul na região.
Tudo isso quando a grande preocupação mundial era o Irã e seu programa nuclear. Mas o Irã, apesar dos aiatolás, é um país relativamente aberto - o Brasil é um de seus mais recentes parceiros. No caso da Coreia do Norte, o mundo depende da China, única a ter alguma aproximação com o fechadíssimo regime, que mantém uma enorme máquina de guerra enquanto a população definha, com falta de alimentos.
Barack Obama classificou o incidente de "ato provocativo ultrajante", que terá interrompido um dos raros momentos em que o presidente americano comemorava uma vitória - o acordo com a Rússia e os aliados europeus, no âmbito da Otan, para a construção de um escudo antimísseis na Europa. Mas, se a Rússia se engaja paulatinamente nos esforços da comunidade internacional, ainda falta obter isto da China.
Em março passado, um ataque atribuído à Coreia do Norte afundou um barco de guerra do Sul, matando 46 marinheiros. As ações sempre provocativas do Norte são bastante imprevisíveis. Mas, agora, há um agravante: a transição na "dinastia" que controla o país comunista desde sua criação, em 1948. Neste caso, o regime fica ainda mais imprevisível. O atual líder, Kim Jong-il, com problemas de saúde, está entronizando seu filho mais novo, Kim Jong-un, como sucessor. Ações militares como a de ontem podem ser uma forma de o mais novo Kim conquistar o respeito dos militares, a maior força organizada do país. Sem isso, ele não conseguirá comandar o país.
As negociações sobre o programa nuclear norte-coreano, interrompidas, têm seis participantes. Além da Coreia do Norte, EUA, Coreia do Sul, China, Japão e Rússia. A ausência de negociações, sempre motivada por algum ato agressivo de Pyongyang, frustra um dos principais objetivos do Norte ao desenvolver seu programa nuclear: fazer com que o Ocidente (e China, Rússia e Japão) paguem pela sua desmobilização, já que o país precisa desesperadamente de divisas.
A verdade é que a Coreia do Norte brinca com fogo, pois um ataque como o realizado à ilha de Yeonpyeong, ao qual a Coreia do Sul respondeu, pode deflagrar um conflito de consequências imprevisíveis. As duas Coreias nunca assinaram um acordo de paz, e os EUA têm mais de 28 mil militares estacionados no Sul. Torna-se cada vez mais importante o engajamento da China para conter seu indigesto aliado. Na área econômica, já é enorme o entrelaçamento dos interesses de Pequim com os do Ocidente. É um erro crasso da diplomacia chinesa pretender que a política internacional possa destoar disso, e ser conduzida com base em velhos preceitos. A China, segunda maior economia do mundo, com assento permanente no Conselho de Segurança da ONU, tem que assumir as responsabilidades que já lhe cabem.
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