As notícias do front não têm sido animadoras. Ontem, pelo menos mais 15 veículos foram queimados no estado do Rio – inclusive em municípios sem tradição de crime organizado forte, como Cabo Frio. Segundo o secretário de Segurança Pública do Rio, José Mariano Beltrame, as duas principais facções do banditismo fluminense se uniram para atacar forças policiais e levar pânico aos cidadãos.
O mais preocupante é que esse movimento de afronta ao estado de direito, às instituições e ao povo do Rio não parece ser um rompante passageiro. É isso que o difere, na situação atual, de outras escaramuças envolvendo marginais e policiais.Claro, carros já foram queimados no Rio em outras oportunidades – e também em São Paulo, neste ano mesmo. Mas, desta vez, o problema pa-rece ser de difícil solução frente à determinação demonstrada pelos criminosos, à constância dos ataques e à sua distribuição geográfica: Zona Sul, Zona Norte, Baixada Fluminense, Região dos Lagos. Onde será o próximo?
As autoridades mal conseguem disfarçar sua perplexidade. Colocar todos os policiais nas ruas ainda não surtiu o efeito desejado. Os ataques recrudesceram nas últimas 24 horas. E até quando esse efetivo conseguirá se manter trabalhando sem folgas? O reforço enviado pelo governo federal, por intermédio da Força Nacional, ainda é insuficiente, e não é exagero afirmar que, em breve, até as Forças Armadas poderão ser convocadas para estancar a onda de violência sem precedentes que inunda o Rio.
Há outros problemas a preocupar, certamente, o governador do estado. Fortalezas do crime como o complexo do Alemão e a Rocinha continuam intocadas. Seriam incalculáveis os prejuízos humanos e materiais no caso de incursões apressadas da polícia nesses conglomerados. Ações assim precisam ser planejadas minuciosamente para que o número de baixas nas forças de segurança não anime ainda mais os criminosos e abata na mesma proporção os cidadãos de bem.
Vem aí o período de festas de fim de ano. Milhares de turistas são esperados no Rio, cartão- postal maior do Brasil. O desafio de resolver o problema, portanto, agora é nacional.
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