FOLHA DE S. PAULO
"O comando do Exército no combate à criminalidade e ao tráfico de drogas no Rio é apoiado por 86% dos moradores do Estado, segundo pesquisa Datafolha realizada nos dias 7 e 8 deste mês", dizia o primeiro parágrafo de um texto da Folha publicado no longínquo 13 de novembro de 1994.
Suspeito que hoje, a julgar pelo tom eufórico de alguns telejornais, o apoio dos fluminenses à presença dos militares esteja próximo dos 100%. Há 16 anos, como agora, o governo do Estado do Rio de Janeiro havia firmado um convênio com as Forças Armadas.
Ainda não havia TV a cabo com noticiário brasileiro transmitido 24 horas para produzir o impacto atual, mas a operação tinha magnitude semelhante à de agora. Estava autorizado o uso de blindados, helicópteros e armamentos pesados. Produziu-se um sucesso relativo, com pacificação eventual das regiões dominadas pelo tráfico.
Passada uma década e meia, a situação se repete -de maneira mais fluída. Quase inexiste pudor sobre o uso de soldados do Exército em áreas urbanas. Tudo parece muito natural. "É um exemplo para outros Estados?", perguntava ontem a GloboNews. O apoio inicial dos fuzileiros navais foi dado como vital para desbaratar as quadrilhas e colocar bandidos em fuga.
Há, por sorte, uma diferença essencial de hoje para 1994: a existência das Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs). Se a experiência for replicada com rapidez, talvez seja possível haver uma consolidação do Estado nas áreas degradadas pelo crime. Seria uma forma (não a única, por óbvio) de evitar o retorno da bandidagem.
Quando há uma guerra, é difícil julgar todas as ações no momento em que ocorrem. É compreensível o apoio aparentemente em massa dos cidadãos de bem à ação militar contra os narcotraficantes. Mas não deixa de ser alarmante a estranha naturalidade com que o uso das Forças Armadas é recebido.
.
Suspeito que hoje, a julgar pelo tom eufórico de alguns telejornais, o apoio dos fluminenses à presença dos militares esteja próximo dos 100%. Há 16 anos, como agora, o governo do Estado do Rio de Janeiro havia firmado um convênio com as Forças Armadas.
Ainda não havia TV a cabo com noticiário brasileiro transmitido 24 horas para produzir o impacto atual, mas a operação tinha magnitude semelhante à de agora. Estava autorizado o uso de blindados, helicópteros e armamentos pesados. Produziu-se um sucesso relativo, com pacificação eventual das regiões dominadas pelo tráfico.
Passada uma década e meia, a situação se repete -de maneira mais fluída. Quase inexiste pudor sobre o uso de soldados do Exército em áreas urbanas. Tudo parece muito natural. "É um exemplo para outros Estados?", perguntava ontem a GloboNews. O apoio inicial dos fuzileiros navais foi dado como vital para desbaratar as quadrilhas e colocar bandidos em fuga.
Há, por sorte, uma diferença essencial de hoje para 1994: a existência das Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs). Se a experiência for replicada com rapidez, talvez seja possível haver uma consolidação do Estado nas áreas degradadas pelo crime. Seria uma forma (não a única, por óbvio) de evitar o retorno da bandidagem.
Quando há uma guerra, é difícil julgar todas as ações no momento em que ocorrem. É compreensível o apoio aparentemente em massa dos cidadãos de bem à ação militar contra os narcotraficantes. Mas não deixa de ser alarmante a estranha naturalidade com que o uso das Forças Armadas é recebido.
Nenhum comentário:
Postar um comentário