sexta-feira, 18 de junho de 2010

Acesso ao ensino médio atinge 'esgotamento'

Acesso ao ensino médio atinge 'esgotamento'


De modo diferente do que ocorreu na educação fundamental, a universalização do acesso ao ensino médio no sistema educacional brasileiro está longe de ser atingida. Com taxa de matrículas estagnada nos últimos anos na casa dos 10 milhões de alunos, o ciclo escolar enfrenta alto índice de evasão, "difícil de ser corrigido", segundo Carlos Artexes, diretor do Ministério da Educação (MEC) responsável por políticas públicas nesse segmento.
De acordo com dados organizados pelo pesquisador social Ricardo Paes de Barro, do Instituto Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), dois em cada dez jovens brasileiros de 15 a 17 anos estão fora da escola, o que representa 18% da população nessa faixa etária - cerca de 2 milhões de pessoas. Na faixa dos 18 aos 24 anos, 68% dos jovens não estudam.




Na avaliação de Artexes, a taxa de matrícula atual do ensino médio, estimada em mais de 80% para jovens de 15 a 17 anos, alcançou um "esgotamento". "Isso acontece em qualquer nível de ensino, no fundamental chegamos a 97%; no médio é evidente que a universalização se dê num patamar mais baixo", comenta. Uma das explicações para esse esgotamento, diz o educador, é a decisão do próprio jovem. "Ele está construindo sua autonomia e estar ou não na escola depende cada vez mais dele e menos da posição dos pais", resume.
Já para Paes de Barros, o problema está relacionado à desigualdade social no país. "Esses 18% são famílias pobres em áreas isoladas. O sistema educacional avançou e agora está batendo num núcleo duro e será preciso fazer algo mais especial para conseguir penetrar aí. Pode ser que o Bolsa Família tenha ajudado e transporte escolar é fundamental no acesso", opina.
Paes de Barros diz também que as políticas devem ser moldadas para atrair os jovens que estão atualmente fora da escola. "Para esses excluídos, uma escola com um viés totalmente acadêmico, voltada para o vestibular e a universidade, não vai funcionar. O indivíduo já sabe que não vai poder estudar e vai se perguntar: 'Por que eu vou fazer educação média se eu sei que não vou usar o que aprendi aqui na minha terra?'".
Carlos Artexes sublinhou que a evasão deve ser analisada num contexto de longo prazo. "Não é possível avaliar o problema sem um olhar histórico. Há 20 anos, a taxa de matrículas no ensino médio era de 15%, com 3 milhões de alunos. Conseguimos chegar hoje a 10 milhões", pondera.
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