A Nova Estratégia de Segurança Nacional dos Estados Unidos
Publicado Diário de Petrópolis 06-06-2010
Gustavo Heck
O Presidente Barack Obama acaba de divulgar a sua nova estratégia de segurança nacional seguindo determinação constitucional. Como afirmam os assessores e porta-vozes da Casa Branca, a nova proposta se distancia, e muito, da doutrina da guerra preventiva e do unilitaralismo estabelecido por George Bush.
Para Ben Rhodes, vice-conselheiro nacional de segurança de Obama, “nosso foco é uma estratégia que amplie nossas fontes de influência no mundo e nos permita usá-las para fazer frente aos desafios do século XXI”.
De fato, logo na introdução da nova estratégia está colocado que “o peso de um novo século não pode recair somente nos ombros dos Estados Unidos”. Por isso mesmo, Obama fala em buscar uma parceria construtiva para além dos aliados tradicionais, com destaque para as potências emergentes como China, Índia, Rússia, Brasil e África do Sul, com o que seria possível fazer frente ao terrorismo internacional e doméstico e à proliferação nuclear.
Chega até mesmo a reconhecer, que o G8 deve ceder espaço ao G20, por ser este o grupo mais representativo para a discussão democrática dos impasses e conflitos no mundo atual. A nova doutrina, pelo que é dado a conhecer, enfatiza a diplomacia multilateral em detrimento da força militar.
De certa forma, o conceito de segurança nacional, agora apresentado, é mais amplo que o de Bush, na medida em que incorpora temas de ordem econômica e questões ligadas à educação, mudanças climáticas, energia e ciência, com destaque a redução do déficit do país, algo tido como essencial para por em ordem as contas públicas dos EUA.
Interessante notar que o combate ao terrorismo, segundo o documento em tela, teria início dentro do próprio território norte americano contra os extremistas nascidos ou residentes no país, certamente em razão do recente acontecimento na cidade de Nova Iorque, quando um simpatizante dos movimentos extremistas por pouco não concluiu um atentado de grandes proporções.
Contudo, em que pese à mudança de postura observada, os EUA continuam considerando a rede terrorista Al-Qaeda, a Coréia do Norte e o Irã como os grandes inimigos do Estado, algo que lembraria o famoso “eixo do mal” de George Bush. O próprio assessor presidencial John Brennan, admite que “se levará o combate contra os extremistas ali onde eles tramam seus planos e treinam, no Afeganistão, Paquistão, Iêmen, Somália e além”, embora garanta que a força será usada “de maneira prudente”.
Por outro lado, como está implícito na nova estratégia, os norte americanos não pretendem renunciar da sua supremacia militar, considerada uma das bases de sua estratégia e imprescindível como fator de influência no exterior.
Vamos esperar, e dar tempo ao tempo, na esperança de que possamos observar, mais adiante, uma efetiva mudança de postura da nação americana, onde prevaleça o entendimento, e não o confronto militar para dirimir pendências.
Profº Gustavo Alberto Trompowsky Heck
M.Sc em Segurança e Defesa Hemisférica pela USAL/CID, M.Sc em Engenharia de Produção pela COPPE/UFRJ, Membro do Corpo Permanente da ESG e,
Coordenador Acadêmico de Themas
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