quinta-feira, 10 de junho de 2010

Colapso do trânsito urbano

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Esta série de reportagens começou domingo passado no Diário de Pernambuco.
Eu vivencio este problema, não na mesma intensidade, todos os dias.
A questão precisa ser melhor discutida, pois tem a ver com o esperado por todos nós, desenvolvimento econômico e social.

Todos querem progredir na escala vertical de poder aquisitivo e ter direito a um carro.
A indústria automobilística, por outro lado, é uma das que mais geram impostos devido a miríade de componentes distintos existentes em um veículo, assim, nota-se que o presidente, para aquecer a economia, diminuiu o IPI de automóveis o que ajudou, quase de imediato, o nosso PIB a se manter relativamente estável frente a crise econômica iniciada nos EUA e Europa.
Há, também, a questão do meio-ambiente.

Desenvolvimento social e econômico também tem tais elementos coadjuvantes, contudo, essenciais para nossa vida harmônica e segura.
Vale a pena ler tudo e refletir.



Uma metrópole além de sua capacidade viária, ultrapassada há décadas, e que caminha rapidamente para um cenário caótico. São Paulo? Não. Recife. A frota da capital pernambucana acaba de chegar a 500 mil veículos registrados no Detran após a atualização dos dados do mês de maio. Isso significa que 1/3 da população da cidade tem algum automóvel. Uma conta bruta, considerando até a faixa etária abaixo dos 18 anos. Esse número reflete aquela sensação diária de trânsito asfixiado para os motoristas da cidade, já sem um período definido para o "rush", que é a denominação aplicada para os horários de pico. 

Seja por falta de estrutura no setor de transporte, excesso de carros ou até mesmo pelo comportamento nas ruas, o tráfego na capital pernambucana está no seu limite. Com o objetivo de evidenciar esses dados, pontuados pelas histórias de quem sofre com a situação e, sobretudo, apresentar soluções, o Diario de Pernambuco inicia hoje a série de reportagens Sinal Fechado, fazendo um diagnóstico sobre o sistema viárioda Região Metropolitana do Recife.



A série está fundamentada na pesquisa de campo realizada pela equipe do Diario, que mediu os níveis de serviço (velocidade média e capacidade das vias) dos principais corredores de tráfego da cidade, acompanhada por especialistas na área da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Dos 19 trechos medidos pela pesquisa (veja a metodologia na página seguinte), 12 estão classificados entre E e F, os dois últimos níveis. Essas duas classificações (de um total de seis) indicam que as vias arteriais - como as avenidas Agamenon Magalhães, Caxangá e Domingos Ferreira - estão operando no limite da capacidade, com velocidades que não passam de 22 km/h nos horários de pico. Trata-se de uma retenção muito acima do razoável, que seria dirigir a pelo menos 45 km/h. Alguma obra? Acidente? Blitz? É "apenas" o grande volume de carros que trafega nas 13 mil ruas da cidade. 

Durante o percurso realizado na Avenida Rosa e Silva, à noite, a velocidade média ficou em inaceitáveis 8,7 km/h. Um gasto de 22 minutos e 40 segundos para completar uma faixa de apenas 3,3 quilômetros. Um verdadeiro teste de paciência na volta para casa. Para se ter uma ideia sobre essa quilometragem, basta dizer que um homem adulto caminha a 4 km/h. Esse último nível de serviço (F) é o chamado stop and go ou, numa tradução literal: pare e ande. 

Para o doutor em planejamento urbano de transporte pela Universidade da Alemanha e professor da UFPE, Oswaldo Lima Neto, o Recife já tem até uma certa desvantagem em relação a São Paulo, apontada como ponto crítico no tráfego metropolitano no Brasil. "A nossa frota é menor, obviamente, mas o nosso sistema viário é pior e defasado. Todo recifense que se dirige ao Centro percebe isso. E a situação está piorando, mas não de uma forma linear, mas exponencial, com o crescimento da frota bem acima da população. Além disso, São Paulo tem uma companhia de engenharia de tráfego bem mais equipada e preparada para essa grave situação", diz.

Além da pesquisa, a série traz dados inéditos do Plano Diretor de Transporte Urbano (PDTU), que traçou projeções para o sistema viário da RMR para 2012 e 2020. O estudo, encomendado pela Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU), foi concluído em 2009. Uma das simulações afirma que se as obras previstas no plano não forem executadas até 2012 haverá um aumento de 200% de congestionamento nas vias que em 2007 já eram consideradas saturadas.

No decorrer da série Sinal Fechado, que vai até a próxima quinta-feira, o Diario também abordará temas como os bastidores da operação de tráfego realizada pela Companhia de Trânsito e Transporte Urbano (CTTU), o funcionamento e as lacunas do transporte público, a reengenharia de tráfego proporcionada pelo crescimento do complexo de Suape e a expectativa da melhoria da mobilidade urbana no Grande Recife com a Copa do Mundo de 2014. Dinheiro haverá para obras estratégicas. Falta pisar no acelerador.



Ao elaborar a pauta da série, o Diario de Pernambuco traçou um ponto básico para iniciar todo o contexto sobre o trânsito no Recife: como comprovar, através de números, aquela sensação diária de tráfego angustiante que a população da capital pernambucana vem sofrendo nos últimos anos? Para responder a esse questionamento foi elaborada pesquisa de campo, com metodologia específica para aferir a velocidade média de grandes corredores da cidade em dois horários capitais: a partir das 7h, com os percursos dos extremos da cidade (norte, sul e dois na linha oeste) em direção ao Centro, e às 18h, na volta para casa. 



A velocidade média em uma via determina diretamente o tipo de serviço. A classificação é dividida em seis níveis, do A ao F. Na primeira, a liberdade para escolher a velocidade (até o nível máximo permitido na rua), além de uma densidade baixa de veículos. Na última, o trânsito além do caos, quando a demanda supera a capacidade da via. 

Todos os trajetos realizados pelo Diario foram feitos de carro (motor 1.6), com uma medição prévia sobre as distâncias entre os principais pontos das ruas e avenidas (com o uso do odômetro), pontuando com cruzamentos e imóveis de destaque, como hospitais e shoppings. Cada percurso foi realizado durante três dias, para dar mais credibilidade ao estudo. Entre os dias 20 e 28 de maio, a equipe percorreu 350 quilômetros no Grande Recife, atravessando os limites municipais em Jaboatão dos Guararapes, Olinda e Paulista. 

A pesquisa de campo foi realizada sob a coordenação do engenheiro Maurício Pina, professor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) na área de Transportes desde 1975, com especialização em pavimentação.

Coube a Pina apontar os principais corredores que seriam estudados. No levantamento, apenas distâncias em caminhos diretos, sem quaisquer necessidade de conexão, fato que trava ainda mais o tráfego. De norte a sul, por exemplo, foram 38 quilômetros, do viaduto em frente ao recém-inaugurado Hospital Miguel Arraes, no fim de Paulista, até Barra de Jangada, já próximo ao estuário do Rio Jaboatão. "São grandes corredores por onde passam boa parte da população, seja de carro ou de ônibus, enfrentando os mesmos problemas diários. No Recife, com a sua forma mais estreita, aumentando a área de norte a sul, a concentração do tráfego ocorre de maneira distinta de outras capitais, com áreas mais uniformes", afirma o professor. 
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