segunda-feira, 21 de junho de 2010

Franqueza durou um dia

Para quem acompanha de forma atenta o que ocorre no país e consegue ver além da maquiagem da mídia que apresenta o país de acordo com os recursos que recebe de propagandas pagas pelo próprio governo, nada disso é novidade, pois os dados demonstrando as inconsistências aparecem em outras notícias mais discretas que, aparentemente, não têm vínculo de causa e efeito.

Gerir um país complexo como o nosso não é uma tarefa isolada, requer a sintonia com mais de 5640 cidades e 26 estados que, infelizmente e atentando para nossa idiossincrasia, nosso cidadão não pensa no coletivo, no desenvolvimento harmônico do país como um bloco igualitário.


Estamos próximo de mais uma oportunidade que será desperdiçada apesar da forte estrutura da mídia nos convencer que o voto em apenas uma pessoa será a solução para o início de uma grande retomada, aliás sermpre temos a impressão de que estamos iniciando uma grande retomada. 


De fato, houve durante os governos militares várias iniciativas positivas nos segmentos de infra-estrutura necessários ao país que foram, após o início do governo Sarney, onde os segmentos acima começaram a praticar sua liberdade sem o  controle rígido do governo central (5640 prefeitos e 26 governadores) e, de lá para cá, estamos patinando, o que vemos nada mais é do que nossas commodities sendo valorizadas pelo mercado externo dando a impressão de que estamos crescendo muito. 


Como celeiros estamos crescendo em função de investimentos externos, contudo, como sociedade educada com produtos de alta tecnologia ou fonte de pesquisa ou projetos sociais de vulto, ao longo de todo território, e ressalto ao longo e não somente em capitais onde o dinheiro externo se faz mais presente e, portanto, fulgura-se mais estamos longe muito longe de atingirmos melhores patamares, e o cidadão que seria a solução, o único, o ungido pela sociedade, não logrou êxito, mercê de uma enorme indústria de maquilagem de resultados positivos.


Fico curioso em saber dos "de dentro" que se distraíram e deixaram o tapete ser levantado para ver a poeira embaixo em contraposição ao assoalho, em volta, sempre lustroso.

Enfim, governar nosso país é para quem é profissional e competente, quando se engana e se enrola, o resultado vem, mais dia  menos dia, à tona.








Conversa franca e autocrítica não são para o governo Lula. O primeiro e único balanço honesto oferecido ao público num site oficial saiu rapidamente do ar. Segundo o balanço, a educação continua tão ruim quanto em 2003, a reforma agrária não funcionou, falta coordenação aos programas de infraestrutura e a política industrial só tem beneficiado alguns setores, em vez de favorecer o aumento geral da competitividade. Todos esses problemas são bem conhecidos e todo dia são citados na imprensa. Mas nunca haviam sido reconhecidos com tanta sinceridade por qualquer órgão do Executivo, até ser lançado o novo Portal do Planejamento. O portal foi apresentado pelo ministro Paulo Bernardo, na quarta-feira, como contribuição às políticas do governo e uma forma de difundir o conhecimento de seus programas. Ficou no ar até quinta-feira e na sexta de manhã já se havia tornado inacessível. Até cerca de meio-dia, quem tentava o acesso encontrava um aviso: "Em manutenção." Depois, nem isso.
Técnicos do Ministério do Planejamento levaram um ano e meio para montar o portal, com 53 temas apresentados e discutidos em cerca de 3 mil páginas. A cerimônia de lançamento foi gravada e difundida pelo YouTube e a novidade foi alardeada por vários canais do governo.
Segundo o ministro do Planejamento, vários de seus colegas telefonaram para reclamar, dizendo não terem sido procurados para discutir as informações. O ministro da Educação, Fernando Haddad, alegou haver dados incorretos no material divulgado. Segundo Paulo Bernardo, não teria sentido ele ficar numa posição de quem tenta detonar o trabalho do governo. Diante das críticas e reclamações, ele achou melhor, segundo contou numa entrevista à Rádio CBN, suspender o funcionamento do portal para uma revisão. Uma reunião, acrescentou, foi marcada para segunda-feira com o pessoal de seu Ministério para discussão do assunto.
Na mesma entrevista, comentou a reportagem publicada na sexta-feira no jornal Valor e reclamou do destaque atribuído às análises críticas, quando havia um material muito mais amplo, de 3 mil páginas. Mas a reportagem menciona também as avaliações positivas e as sugestões para aperfeiçoamento de programas como o Bolsa-Família e o de valorização do salário mínimo.
A parte crítica é obviamente a mais interessante, porque indica a existência, na administração federal, de técnicos capazes de avaliar com independência e objetividade a formulação e a execução de planos e programas. Além do mais, as críticas mais importantes não chegam a ser novas. O ministro da Educação talvez possa reclamar de um ou outro detalhe, mas não pode negar, por exemplo, a existência de um enorme número de analfabetos funcionais, cerca de um quinto da população com idade igual ou superior a 15 anos, nem a baixa qualidade do ensino fundamental. Também não é novidade a avaliação crítica dos planos de produção de biodiesel, apontada como economicamente inviável. As tentativas conhecidas no Brasil têm confirmado essa conclusão. Da mesma forma, qualquer pessoa informada é capaz de apontar o fracasso da chamada política agrária, marcada por muito barulho e violação de direitos e quase nenhum resultado positivo em termos de produção e produtividade dos assentados.
As avaliações da política industrial, dos programas de infraestrutura, da burocracia e da persistência de um sistema tributário de baixa qualidade apenas confirmam as análises de especialistas da academia, do setor privado e até de algumas áreas oficiais.
O portal pode ter sido uma surpresa incômoda para alguns ministros e também para os envolvidos na campanha da candidata oficial, a ex-ministra Dilma Rousseff. A análise mostra a pobreza de realizações em áreas importantes e confirma as falhas de coordenação dos investimentos - uma tarefa jamais cumprida pela ex-ministra da Casa Civil. À tarde, uma nota da Secretaria de Planejamento e Investimento Estratégico (SPI), criadora do portal, foi incluída no site do Ministério. Segundo a longa nota, as 3 mil páginas continham muitas avaliações positivas da ação do governo e a intenção não foi produzir um balanço crítico. Foi a autocrítica da autocrítica. 
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