O importante dessa notícia é ressaltar o quanto se é complexo promover o acesso seguro e sustentável de alimentos no mundo. Ressalte-se que a China tem, nos últimos anos, um contingente de mais de 800 milhões de pessoas que passaram a ter condições de comer melhor. Na Índia são perto de 500 milhões nas mesmas condições.
Imaginem o que será da agricultura mundial poder alimentar os seus e mais este novo contingente. Imaginem o que é, também, opção pela economia verde, combustíveis renováveis.
De acordo com Jeffrey Sachs, economista novaiorquino, para cada arrouba de boi maduro um hectare de milho, ou soja, ou qualquer tubérculo é necessário.
Já pararam para pensar neste impacto, pois carne bovina, um dos inúmeros ítens consumidos por este novo contingente dá um considerável impacto na balança da estabilidade da produção agrícola mundial.
Como somos, essencialmente, exportadores de commodities, também seremos impactados por esta realidade.
Para refazer seus estoques, China pode elevar compra de milho, algodão e açúcar
Valor Econômico - 28/10/2010
Surpresa com as disparadas das cotações internacionais de milho, algodão e açúcar, a China poderá se ver forçada a recompor seus estoques estratégicos depois que parte deles foi vendida pelo governo em uma tentativa frustrada de esfriar os preços domésticos.
A provável retomada das compras chinesas poderão resultar no reforço de um movimento de altas desses produtos, que já estão em elevados patamares. O país é o maior consumidor global de algodão e o segundo mais importante nos casos de milho e açúcar.
Responsável por cerca de 60% das importações globais de soja e maior importador de algodão, a China, de acordo com analistas, poderá entrar no mercado para comprar mais de 5 milhões de toneladas de milho em 2011, quase quatro vezes mais que o previsto para este ano. Se confirmada a expectativa, o país se tornará o quinto maior importador do cereal.
"Os preços futuros da China estão subindo, os números mostram importações maiores e há estoques do governo sendo liberados no mercado - todos esses fatores sinalizam para um nível de abastecimento menor que o esperado", afirmou Sudakshina Unnikrishnan, analista do Barclays Capital, em Londres.
Estima-se que os estoques chineses de milho podem ter caído abaixo de 10 milhões de toneladas, menos que o abastecimento de um mês, após a liberação de cerca de 45 milhões de toneladas para o mercado local desde o início de 2009.
Da mesma forma, as reservas de algodão, que na bolsa de Nova York atingiu nova máxima em 140 anos, podem estar abaixo de 300 mil toneladas, menos de 5% da produção anual. As reservas de açúcar, por sua vez, são calculadas em 200 mil toneladas, suficientes para apenas duas semanas de abastecimento.
O país vendeu 1,7 milhão de toneladas de açúcar no ano fiscal encerrado em setembro de 2010, e 2,1 milhões de toneladas de algodão desde setembro de 2009. Para ajustar a oferta e melhorar a renda dos agricultores chineses, faz parte da estratégia de Pequim estocar grandes volumes de commodities.
A tendência de renovação da disposição da China em importar milho e algodão emerge em meio à queda das produtividades em exportadores como os Estados Unidos, daí a previsão de nova pressão "altista". O raciocínio também vale para o açúcar, só que neste caso por conta de problemas de produtividade nos canaviais brasileiros.
Apenas os rumores sobre as compras chinesas de milho já ajudaram a elevar as cotações do milho ao maior nível em dois anos na bolsa de Chicago.
Na China, a produção de milho tem girado entre 155 milhões e 165 milhões de toneladas nos últimos anos, e o déficit poderá superar 7 milhões de toneladas em 2010, segundo a consultoria Shanghai JC Intelligence. Neste ano, as importações deverão somar 1,3 milhão de toneladas, maior volume em 15 anos.
No caso do algodão, o país asiático adquiriu grandes volumes no mercado internacional nos últimos meses, e em setembro as importações atingiram 201 mil toneladas, quase duas vezes mais que o normal mensal.
O país também está tentando limitar o avanço dos preços domésticos de açúcar. A demanda local cresce, em média, 6% ao ano, o que significa que deve haver uma demanda adicional de 800 mil toneladas em 2010/11. A China importou 1,365 milhão de toneladas entre janeiro e setembro de 2010, 43,33% mais que no mesmo período de 2009, sobretudo do Brasil.
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