sexta-feira, 12 de novembro de 2010

A violência quase sempre começa em casa.

JORNAL DO BRASIL (online)
12/11/2010

Segundo relatório da Comissão Nacional de Direitos Humanos, a violência física ou psicológica contra crianças no Rio cresceu 29,79% nos dez primeiros meses deste ano em comparação a 2009. A reportagem publicada ontem neste Jornal do Brasil mostrou que o Rio, onde já foram registradas 3.091 denúncias este ano até agora, só fica atrás de São Paulo em número de casos no Brasil.

Para essas crianças, infelizmente, a violência em geral começa em casa. A cultura da palmada, por vezes, dá margem a exageros que beiram a tortura e causam traumas vitalícios. São comuns as agressões por parentes, professores ou amigos da família. As vítimas sofrem caladas por medo. No caso do abuso sexual, os números são de chorar: quase 10 mil vítimas ano passado; mais de 2.600 nos primeiros quatro meses deste ano. Mas é preciso ter em mente que “abuso infantil” vai além do sexo: os maus-tratos, a negligência, os xingamentos também fazem parte desse rol, tanto quanto a violência física e a psicológica, que marcam o corpo e a mente da vítima, em geral para o resto da vida.

Por isso mesmo a famosa palmada virou caso de polícia: há que se considerar que ela não dói nada na mão de quem a dá, mas fere muito a pele e a autoestima de quem a recebe. Antes do Brasil, países como Suécia, Finlândia e Áustria proibiram a punição corporal na “educação” das crianças. Aqui, a medida deu o que falar.

Há que se ressaltar que, embora surpreenda, também a superproteção consta na lista do abuso, por favorecer o isolamento físico e emocional da criança, privando-a de se socializar normalmente.

Como a denúncia já se mostrou eficaz no combate à violência, através do 190, o Disque 100 entrou em cena e comprova ser essa a melhor ferramenta na luta contra o mal do abuso infantil: em 2009, foram mais de 15 mil as chamadas.

A sociedade precisa acordar para essa chaga e unir-se na luta encampada pelo Estatuto da Criança e do Adolescente, não só denunciando mas também exigindo políticas públicas que resultem em acompanhamento social das vítimas, prevenção à violência e seus danos e um código penal que desestimule crimes hediondos como esses.

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