EDITORIAL
CORREIO BRAZILIENSE
São preocupantes os dados sobre o crescimento da delinquência juvenil no país. Divulgado na quarta-feira, o Anuário Brasileiro de Segurança Pública apresenta retrato de corpo inteiro da criminalidade no Brasil em 2010. A foto tem um traço positivo. Estabilizou-se o número de homicídios e ocorrências violentas. Mas ganharam cores fortes os contornos relacionados a jovens e adolescentes. O Distrito Federal figura na imagem com indesejável destaque.
No Brasil, aumentou 7% o envolvimento com o crime de menores entre 12 e 17 anos. Na capital da República, o número é bem maior — nada menos de 30%. Vale a comparação. Enquanto nas demais unidades da Federação a relação de adolescentes em conflito com a lei corresponde a 85,6 por 100 mil habitantes, no DF a cifra bate recordes nacionais. Atinge 288,2.
Segundo o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, responsável pelo levantamento, o alto índice de banditismo no DF pode ter estreita associação com o consumo e a posse de drogas. Aqui, a proporção é de 134 registros por 100 mil habitantes, também recorde entre as unidades da Federação. Em números absolutos: 3.400 ocorrências no ano passado, quase 10 diárias.
No tocante ao tráfico, a situação é menos vexatória, embora assustadora. A capital do Brasil figura em desconfortável 5º lugar no ranking nacional. São 60,7 casos por 100 mil habitantes. Fica atrás de Rondônia (89,9), Minas Gerais (77,1), São Paulo (73,7) e Rio Grande do Sul (67,9).
A face violenta da juventude exige resposta em várias frentes. Uma: a repressão. Impõe-se dificultar o acesso à droga. Em primeiro lugar, com o controle dos pontos por onde o entorpecente entra na capital. Em segundo, com a punição rigorosa dos traficantes, que atuam com desenvoltura em locais públicos e movimentados do DF. Outra frente: a prevenção. É importante evitar o contato com maconha, crack, ecstasy.
A tarefa é tão importante que não pode ser deixada apenas nas mãos do Estado. Família, escola, igreja, clubes de serviço, organizações não governamentais desempenham papel essencial na corrente. Informação, valores cidadãos, atividades esportivas, lazer saudável funcionam como repelentes. Mais uma frente: o tratamento. Jovens e adolescentes que caíram no vício precisam ser recuperados. Como diz o estudo do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, a criminalidade tem estreito elo com a droga. Garantir a paz passa necessariamente pelo estrangulamento do tráfico e a redução do consumo.
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