Jacilio Saraiva
Valor Econômico
Cinco novos países devem entrar na comunidade on-line Mipyme nos próximos meses. Brasil, Chile e Argentina já fazem parte do sistema, lançado oficialmente na semana passada, em Brasília (DF). Mipyme é a sigla para micro, pequenas e médias empresas, em espanhol. "São esperadas as adesões de agências de fomento da Colômbia, Peru, El Salvador, Costa Rica e Paraguai", afirma Vanessa Pessoa, consultora de gestão da Mipyme. Outras entidades, como a norte-americana Small Business Development Center (SBDC), também se movimentam para costurar parcerias no Brasil.
Um dos principais objetivos da comunidade Mipyme, co-financiada pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), é construir um banco de dados com informações sobre pequenos negócios da América Latina e Caribe. Nos últimos três anos, foi investido R$ 1,2 milhão na conclusão do projeto.
A rede funciona como um sistema regional de informação e aprendizagem para a construção de políticas públicas de apoio a negócios de porte reduzido. Será usada ainda para a troca de práticas institucionais entre as entidades participantes, como o Serviço de Cooperação Técnica (Sercotec), do Chile, e a Secretaria da Pequena e Média Empresa e Desenvolvimento Regional (Sepyme), da Argentina, que criaram a comunidade junto com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae-Nacional).
A Organização dos Estados Ibero-Americanos para a Educação, Ciência e a Cultura (OEI) também participa da iniciativa. A ideia do projeto foi lançada durante um fórum de pequenos negócios, realizado pelo BID, em 2007, em Quito, no Equador. "Vamos melhorar a capacidade das agências públicas em apoiar os empresários", diz Vanessa.
Além de um arquivo on-line de boas práticas, a plataforma oferece espaço para a interação entre usuários e disponibiliza artigos de interesse sobre o universo das micro e pequenas empresas no mundo, segundo a gerente da assessoria internacional do Sebrae, Renata Malheiros. O site da comunidade está em espanhol, mas vai ganhar uma versão em português, a partir de dezembro. A meta é que os colaboradores das agências usem o endereço eletrônico como uma rede social para a troca de experiências. "É possível inserir sugestões para até 32 diferentes metodologias na página da comunidade", diz Maria Eugênia Ruiz, consultora do projeto.
Em agosto, a Mipyme realizou, em Buenos Aires, na Argentina, uma oficina de capacitação para a criação de metodologias de informação que serão usadas no site. "Vamos criar um banco de dados regional para guardar indicadores de desempenho das empresas, em cada país", diz Vanessa.
Segundo a consultora de gestão do Sebrae, hoje não há parâmetros organizados dos pequenos empreendimentos latino-americanos. "As características de porte das empresas mudam em cada país. No Brasil, são classificadas por faturamento, enquanto na Argentina o que vale é o número de funcionários."
No Chile, o Sercotec apoia empresas que faturam de US$ 500 mil a US$ 1,5 milhão, ao ano, informa o gerente geral José Luis Uriarte. "Não somos um serviço social de assistência, mas uma agência de fomento produtivo."
A agência chilena atua em três frentes: com consultorias diretas para os empresários, na transferência de recursos para as companhias e em cadeias produtivas dos negócios. Mais de 80% das empresas do Chile ou 1,5 milhão de companhias são micro e pequenas. Geram cerca de 80% dos empregos no país. Estima-se que o número de empreendimentos informais seja superior a 700 mil.
Na Argentina, o programa "Capital Semilla", da Secretaria da Pequena e Média Empresa de Desenvolvimento Regional (Sepyme), vai permitir que 2,5 mil jovens possam abrir negócios em 2011, triplicando o volume de 801 beneficiados no ano passado.
Nos Estados Unidos, o Small Business Development Center (SBDC) é a principal fonte de assessoria técnica e administrativa para as pequenas empresas. "São mais de mil unidades espalhadas pelo país", diz Robert McKinley, vice-presidente do Instituto de Desenvolvimento Econômico da Universidade do Texas, ligado ao SBDC. De acordo com McKinley, que veio ao Brasil para costurar parcerias entre negócios brasileiros e americanos, o SBDC atende 750 mil empresas ao ano. Os serviços incluem cursos de capacitação, apoio à criação de planos de negócios, inteligência de mercado e ajuda na formação de patentes. O SBDC conta com um orçamento de US$ 110 milhões ao ano e um quadro de cinco mil técnicos, com dedicação exclusiva para prestar assessoria e capacitação aos empreendedores.
Uma das metas do SBDC é investir na internacionalização de projetos. A América Latina é um dos alvos da entidade, que já tem mais de 100 representações no México e está criando centros em El Salvador, República Dominicana, Costa Rica e Panamá. "Não precisamos instalar um braço no Brasil, o Sebrae já existe aqui", diz McKinley.
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