quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Mobilizações, twitter e otomanos.

Uma vez mais se promete uma enorme mobilização social contra a corrupção mobilizada via mídias sociais, sendo as principais o twitter e o facebook e, novamente, a adesão fica bem aquém da esperada e prometida.

O que não se consegue entender como base? Nossa idiossincrasia.

A primavera árabe entrou em nossa noção de tempo e espaço sociais como sendo algo inédito, jamais visto sobretudo porque teve como mola fundamental a mobilização via redes sociais. Ledo engano, ledo engano.

Sociedades oriundas o império Otomano mobilizam-se há séculos. Via de regra eles detém um objetivo claro, um nome, uma casta dominante partindo de uma base de revolta definida. Sempre haverá castas dominantes que, fundamentalmente, exploram fisica e economicamente castas menos relevantes.

O primeiro erro foi achar que os cenários de lá e de aqui são semelhantes. Logo após o segundo regime sossobrar vários analistas entusiasmaram seus leitores dizendo que uma verdadeira onda de democracia era inevitável e varreria toda a região espargindo democracia. Síria e Líbia foram claros e clássicos exemplos que alertaram acerca de análises pouco profundas e imediatas. Cultura e idiossincrasia social é o core business de cada fenômeno a ser interpretado.

O segundo erro foi achar que as mídias sociais mobilizaram aqueles revoltosos. Poucos detém a capacidade de ter celulares ou internet, notadamente por não terem créditos facilitados e a infra-estrutura de telecomunicações no interior daqueles países ser muito pior que a nossa. Não se iludam com powerpoints na internet mostrando as maravilhas das grandes cidades de lá.

O terceiro erro foi o de se ter expectativa sobre um "inimigo" pouco definido e achando que "toda a sociedade está cansada da corrupção". O tempo perdido para se falar de quantidade de brasileiros que são funcionários públicos - excetuando-se as louváveis minorias- e das empresas, com seus inúmeros empregados, que trabalham para o governo e conseguem preços acima dos praticados nas calçadas das ruas. Não se enganem, nenhuma grande empresa em nosso país se tornou grande sem vender algum produto ou serviço para qualquer órgão público. É muito inocência e desatenção com o que é noticiado mesmo sem o teor de escândalo.

De toda sorte, essas mobilizações, em meu entender, tem o mérito de alertar e estimular jovens para que tenham um espírito crítico acerca de cidadania e que, quem sabe e oxalá, venham a se tornar uma geração menos alienada. Ademais, uma simples aritmética revelará que no primeiro ano do governo FHC, portanto dezesseis anos atrás, não se reprovava mais alunos na rede pública. Considerando-se uma criança entre oito e dez anos vê-se a faixa etária do apagão da mão-de-obra.

Diga-se de passagem, para quem não foi informado, uma das molas mestras da mobilização da primavera árabe foi a quase total falta de perspectiva de emprego e melhorias sociais futuras, por falta de educação adequada, dos jovens das regiões de origem otomana. Corrupção veio bem depois.
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Um comentário:

  1. Como sempre um comentário inteligente e lançando luz sobre aspectos pouco comentados pela mídia em geral.Já transmiti para os amigos linkados. Obrigado.
    Alves

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