Convém saber qual será o alinhamento do "governo petista", e não Estado Brasileiro, no desenrolar da crise. Relembre-se que o Irã enviou representante na convenção petista que indicou, oficialmente, a candidata Dilma para concorrer à presidência. Este ato e presença teve um porquê e tem uma expectativa.
Espero que a sociedade não terceirize, sem se manifestar, os próximos passos.
Espero que a sociedade não terceirize, sem se manifestar, os próximos passos.
Pontos persas no campo de batalha invisível
GILLES LAPOUGE
O Estado de S.Paulo
Os 27 países do bloco europeu vão decretar um embargo ao petróleo iraniano. A França lidera esse esforço. E gostaria que as empresas petrolíferas europeias parassem rapidamente de se abastecer do óleo bruto iraniano. Grã-Bretanha, Alemanha e mesmo os países escandinavos aderiram à estratégia que Paris qualifica de "a arma absoluta" contra a ameaça nuclear iraniana - ainda que o petróleo do Irã represente somente 5,8% do consumo europeu total do produto.
Essas medidas mais duras contra o Irã têm vários motivos: em primeiro lugar as manobras navais realizadas pelo Irã no Estreito de Ormuz, por onde transita um terço do petróleo mundial. Em seguida, no dia 8, Teerã anunciou que sua usina de enriquecimento de urânio instalada num bunker em Fordo estará operando em breve. Ora, essa usina tem sua originalidade: está oculta numa montanha a uma grande profundidade. O que deixa Estados Unidos e Israel inquietos: uma usina num local como esse com certeza resistirá às bombas mais potentes. Ninguém duvida, também, que aviões que tentarem bombardear a usina serão derrubados, pois a área é protegida por uma defesa antiaérea terrivelmente sofisticada.
Mas o Irã dispõe de outras armas na guerra fria que trava com o Ocidente, armas diferentes, indistintas, imperceptíveis: a espionagem, a guerra secreta, os serviços de informação. Nessa batalha invisível, os iranianos acabam de marcar vários pontos contra os EUA.
Anunciaram no início da semana que um cidadão de nacionalidade americana e iraniana, Amir Mirzai Hekmati, suspeito de trabalhar para a CIA, foi condenado à morte pela "Justiça revolucionária" do Estado islâmico. Um novo desafio para os EUA e sobretudo para o secretário de Defesa americano, Leon Panetta, que ameaçou Teerã de represálias caso o Estreito de Ormuz seja fechado.
Quem é este Hekmati? Um americano de origem iraniana, nascido no Arizona há 28 anos, ex-fuzileiro naval dos Estados Unidos. De acordo com o jornal Asia Times (de Hong-Kong e geralmente bem informado), Hekmati teria sido infiltrado pela CIA no serviço secreto iraniano.
Chegou ao Irã no fim do verão e manteve contatos com um ministério iraniano. Ele teria proposto passar informações que os iranianos julgaram capitais, mas, ao mesmo tempo, perceberam que ele era um agente dos Estados Unidos. De acordo com o mesmo jornal, a captura era considerada em Teerã uma prova de que o Irã é capaz de frustrar a poderosa rede de espionagem americana.
Outro sucesso dos iranianos nessa guerra de informações secretas: em 4 de dezembro, capturaram um drone americano RQ-170 Sentinel, ultrassecreto. Um triunfo, ainda mais que eles conseguiram assumir o controle do aparelho, forçando-o a pousar. E, de fato, um vídeo gravado em Teerã mostrou o drone sem um arranhão. A CIA denunciou o golpe. Barack Obama exigiu que o aparelho fosse restituído, o que para alguns foi uma atitude desastrada, pois confirmou que o orgulho americano tinha recebido um golpe violento. E é claro que os iranianos rejeitaram de imediato a exigência americana.
TRADUÇÃO DE TEREZINHA MARTINO.
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