FLÁVIA MAIA
Correio Braziliense
Com espaço e mão de obra capazes de atrair grandes empreendimentos, municípios vizinhos ao DF podem alavancar a economia local
A estagnação para a qual caminha a economia do Distrito Federal fortalece ainda mais a aposta dos setores produtivos e do governo na integração com o Entorno. A ideia é transformar a região no segundo maior polo econômico do país, atrás apenas de São Paulo. Para isso, Brasília entraria com o público consumidor de alta renda e as atividades de maior valor agregado. Em contrapartida, os municípios vizinhos aproveitariam a mão de obra abundante e o espaço disponível para atrair investimentos das indústrias de transformação, alimentícia e das relacionadas ao agronegócio. Com isso, a disparidade econômica e social entre as duas realidades seria reduzida. Atualmente, dos R$ 86 milhões da soma dos produtos internos brutos (PIB) da região, 94% são provenientes do DF.
Ancorada basicamente no comércio, no setor de serviços e no funcionalismo público, a capital apresenta dificuldade de crescimento. Falta espaço físico para atrair grandes investidores e, consequentemente, diversificar as atividades econômicas. Atualmente, o DF assiste à retração da indústria e ao desaquecimento do Produto Interno Bruto. Segundo dados preliminares divulgados em junho, a taxa avançou praticamente a metade da média nacional e ficou na casa dos 2% em 2011.
Na terça-feira, representantes das indústrias, de bancos e secretários estaduais de Goiás e do Distrito Federal se reuniram para montar uma pauta de prioridades. Dez metas foram traçadas, entre elas a implantação de infraestrutura, como construção de ferrovias e de um anel viário; programas de incentivo fiscal e realização de uma pesquisa para avaliar as vocações de cada cidade. “Percebemos um grande interesse de todos, tanto dos dois governos, quanto do setor produtivo, em prol do fortalecimento econômico regional”, afirmou Marcelo Dourado, chefe da Superintendência do Desenvolvimento do Centro-Oeste (Sudeco).
Apesar do discurso alinhado entre Executivos estaduais e federal e empresários, a dificuldade está em tirar as propostas do papel. Os R$ 7,95 bilhões do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) do Entorno, previstos para o primeiro semestre deste ano ainda não deixaram os cofres da União. O Fundo de Desenvolvimento para o Centro-Oeste (FDCO) precisa de aprovação para investimentos em infraestrutura. Se autorizada pelo governo federal, a Sudeco terá aporte de R$ 1,5 bilhão, que será aplicado o nos quatro estados da Região Centro-Oeste.
De acordo com Marcelo Dourado, enquanto as outras verbas não chegam, o Entorno já pode contar com R$ 950 milhões da superintendência. Esse dinheiro será usado para empréstimos a juros subsidiados, de 4 a 7%. Dourado afirma ainda que entre as prioridades da superintendência para o desenvolvimento imediato da região estão as ferrovias para transporte de cargas e pessoas e a criação de três polos industriais por meio do Programa de Industrialização Mínima da Região Integrada de Desenvolvimento do Distrito Federal e Entorno (Ride).
Um dos centros seria localizado na parte norte, em Formosa, onde a Sudeco negocia com o Exército um terreno às margens da BR-020. Outro é o incipiente polo industrial de Alexânia, e um terceiro, que abrangeria a região sul, ainda está sob análise, mas deve ser instalado em Luziânia, na Cidade Ocidental ou em Valparaíso. Esses centros abrigariam indústrias alimentícias, têxteis e metal mecânica.
Saturamento
Quando a principal cidade de uma região está saturada e precisando diversificar, os setores produtivos tendem a aproveitar os arredores para crescer economicamente, formando áreas metropolitanas. A dificuldade é que a vizinhança mais próxima ao DF pertence à outra unidade da Federação: Goiás. De acordo com um estudo da Companhia de Planejamento do DF (Codeplan), nove municípios limítrofes apresentam as características de aglomeração metropolitana com a capital. São eles: Águas Lindas, Alexânia, Cidade Ocidental, Formosa, Luziânia, Novo Gama, Padre Bernardo, Planaltina de Goiás e Santo Antônio do Descoberto.
Interesses comuns
A Ride foi criada pela Lei Complementar nº 94, de fevereiro de 1998, e regulamentada pelo Decreto nº 2.710, de agosto do mesmo ano. É composta pelo Distrito Federal e por 22 municípios de Goiás e de Minas Gerais, que têm interesses comuns em serviços públicos de infraestrutura.
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