Em sã consciência, o brasileiro "antenado" nas mídias sociais, de fato, esperava algo diferente? Acreditavam mesmo que um processo complexo como o mensalão iria dar alguma brecha legal para que alguém fosse punido? No Brasil?!?! Acreditavam mesmo?
O brasileiro esperou o Mensalão assim como espera mais um Big Brother, assim como espera final de campeonato ou julgamento de escolas de samba. Está no dna nosso, não tem como negar ou fugir.
Desde os anos que comecei nas mídias sociais é que venho alertando isto. A memória fátua, mais o contumaz desinteresse por assuntos públicos, coletivos e de política fazem com que esses atores desse enorme peça bufa, sintam-se absolutamente confortáveis em atuar, dentro da lei, rigorosamente dentro da lei que, candidamente desconsidera o que venha a ser o ético ou não.
A vaga memória ram do cidadão não o faz lembrar que cachoeira é um personagem antigo, que no início do governo lula, com waldomiro diniz, denunciou o tom da gestão petista. Também não associou o mesmo mecanismo usado pelo careca, por FHC a fim de conseguir aprovar o inédito mecanismo da reeleição, não existente na Constituição de 1988 e precisando da modificação de deputados e senadores. Onde estavam os brasileiros, certamente nas novelas e campeonato brasileiro.
A questão maior, o pano de fundo que nem o brasileiro se interessa tampouco a mídia e jornalistas querem discutir é a prevalência histórica do mensalão como produto de gestão pública. Na época do Império eram as medidas de caráter excepcional que bypassavam os parlamentares, depois, com o advento da República elas continuaram até se transforma nos Decretos-Lei, muito usados por presidentes militares, criticados, amplamente, pela oposição, dentre eles FHC, Lula e Sarney e, com o advento da Constituição de 1988 se transformaram e Medidas Provisórias onde o Executivo lança, bypassando a autorização prévia do Congresso, e as renova antes de se esgotarem os noventa dias previstos na Carta Magna. A origem e essência dessa prática é que o cidadão deveria se interessar.
Eu não estou envergonhado com o Min revisor do Mensalão -ele cumpriu o que as Leis preveem e determinam, aliás estamos em pleno Estado Democrático de Direito e, a rigor, tudo está funcionando como deve. Se é ético ou não, se perguntaram a sociedade e ela, no momento oportuno, deveria se manifestar, aí são outros quinhentos.
Estou envergonhado com a sociedade. Não deveria, aliás, deveria reforçar minha vergonha na cara de ainda acreditar que o cidadão brasileiro, de alguma forma, irá se corrigir, parar, ou pelo menos, diminuir a assistência a novelas, a Big Brother Brasil, a datenas, ratinhos, gugus, faustões, futebol, mma, ufc e uma miríade de bruxas, duendes e seres que arrastam o preguiçoso cidadão para a vala comum dos programas leves -afinal o tadinho só rala e quer ter diversão na tevê, assuntos sérios substituindo a galhofa e o sensacionalismo, nem pensar.
Agora, como torcida em resultado na Sapucaí, ou na televisão, é cult, é "da hora" se sentir indignado. Mas indignado quando a Lei, em seu rigor, é observada? É um erro, demonstra, até, ignorância, pois as Leis que "causam esta comoção social" é que devem ser mudadas. Mas para mudar é necessário o engajamento de uma sociedade que nem em reunião de condomínio ou de escola de filhos gosta de participar, só vai amarrado, contrariado, pois há mais coisas importantes -dentre elas a novela- para as quais sua atenção está voltada.
Afinal, a figura abaixo retrata muito bem a causa do que, agora, "revolta" alguns dos brasileiros ( a maioria não tá nem aí!!).
Enfim, tenho esperanças que, em 2083, haja uma mudança consistente na cabeça do cidadão brasileiro.
"Não verás país algum..." é um título de um bom livro...
"Não verás país algum..." é um título de um bom livro...
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Jefferson, eu sou uma cidadã brasileira e me considero uma pessoa com alguma cultura. Fico enojada com politica, com nossos governantes, e acima de tudo com nosso povo, que se acomoda dentro dos seus interesses pessoais!!! O Brasil que se dane, desde que a vida deles esteja com algum tipo de conforto.
ResponderExcluirMas, me sinto com o direito de ter vergonha de um Ministro do Supremo, que , se baseando nas leis, ( acho que elas existem dependendo do interesse )corrobora para que essa vergonha continue caminhando...Hoje me sinto traida pelas leis!!! Um grande abraço