Todos os setores dos segmentos públicos, nas três esferas -municipal, estadual e federal- tem filiados ao PT. Todos os segmentos, ou seja, órgãos públicos, autarquias, agências reguladoras (ANVISA, ANEEL, ANATEL, ANAC, ANA etc etc). Todas as "brás" também estão loteadas de filiados do PT. Banco do Brasil, CEF, BNDES, Banco Central etc também estão fartamente lotados de filiados ao mesmo partido.
Os motivos pelos quais eu postei o artigo do Ex-Min da Justiça que concedeu exílio político a um criminoso italiano Cesare Batisti e é filiado ao "Foro de São Paulo" (vale a pena buscar na internet o que representam e o que querem) são os seguintes:
1- De férias em Cuba, de onde tirou inspiração para este libelo, ele ignora os pedidos de visto para o Brasil da ativista política YOANI SÁNCHEZ blogueira inteligente e perspicaz que expressa para o mundo a "democracia" cubana;
2- É o mais sutil e profundo libelo, relação de crenças políticas e sociais com fortes pendores gramcistas que alguém já teve coragem de tornar púbico; e
3- Um aviso claro, apesar de sutil, de como é o programa de permanência e de gestão de poder do PT cujo governo jamais deixará de ter uma liderança de oposição emergindo para nos dar outra opção de sociedade; e
4- É um texto MUITO bem escrito e muito esclarecedor.
"...p'rá meio entendedor, boa palavra basta!!" Este é o caso neste texto.
Será um feliz ano novo?
TARSO GENRO
FOLHA DE SP
Os setores emergentes não têm origem em paternalismos populistas e não são massa de manobra; sua mobilização vai oxigenar a vida pública do país
O ano de 2012 será decisivo para o Brasil e para a América Latina. Não se trata de uma crônica de ano novo. É uma afirmação criteriosa, fundamentada em dois cenários, um interno e outro externo.
No externo, há o cansaço tanto da social-democracia como da ideologia thatcherista-neoliberal.
A social-democracia cansou a paciência de todos, em regra, porque a sua adaptação aos novos tempos -de crise do financiamento do "estado de bem-estar"- fez com que ela cultuasse a globalização financeira e passasse a se escravizar nas suas receitas.
De outra parte, o cansaço da ideologia do neoliberalismo adquiriu seu auge na evidência de manipulações fraudulentas, pelos bancos e governos, da situação real dos estoques da dívida pública. Mais uma vez houve frustração e tédio com os seus discursos sem cor.
No cenário interno, tanto brasileiro como latino-americano, vários são os governos, com orientações distintas, que conseguiram conquistar apoio parlamentar e social para não aplicar as regras neoliberais, com objetivo de sair das suas crises e melhorar a vida do povo.
A "melhora da vida do povo", no âmbito de uma crise mundial com intervenções militares brutais e com castração de direitos sociais nos países de capitalismo avançado, é um dado relevante para avaliar a importância do próximo ano no futuro da democracia na América Latina.
Como é sabido pela ciência política e comprovado empiricamente, nem sempre a democracia gera progresso socioeconômico para a maioria, assim como nem sempre as ditaduras pioram as condições de vida dos cidadãos.
Avançar socialmente dentro da democracia não é pouco. Assim como não é pouco fazer governos serem compreendidos pelos seus povos pelo que estão fazendo e melhorar a renda e a autoestima dos mais pobres dentro de um amplo processo democrático. É muito.
E mais: a inclusão massiva de grupos populacionais no consumo, na produção e na educação gera novos sujeitos sociais e novas demandas. Alguns exemplos: melhor comida, melhor habitação, um melhor carro do ano, mais lazer qualificado, mais educação e melhor transporte coletivo, além de mais segurança para fruir a vida.
A aceleração no combate às desigualdades é que vai resolver se teremos um bom ano novo para as democracias latino-americanas.
A aceleração no combate aos privilégios, dentro e fora do Estado e das empresas públicas e privadas, reduzindo as diferenças de renda e de salários -tanto na esfera pública como na esfera privada-, é que vai criar coesão entre as classes sociais emergentes, o Estado de Direito e a democracia.
Esses novos setores sociais não são massa de manobra de ninguém. Eles não se originam de paternalismos populistas nem de conquistas de burocracias sindicais. Não são "aparelháveis", pois são dispersos na estrutura produtiva, de serviços e na estrutura de classes.
Eles não são "classe média" frustrada ou raivosa. São os "de baixo", que apareceram nas urnas e reelegeram Lula e elegeram Dilma. Aparecem nas estatísticas do ProUni, dos novos empregos e das novas atividades na produção e nos serviços.
Esses é que têm potência para constituir -em irmandade política com os demais setores do mundo do trabalho- um consenso superior, forjado a partir das suas mobilizações para a oxigenação da vida pública democrática.
Isso só poderá ser feito diretamente pela política e pelos partidos, na minha opinião os de esquerda, e cada vez menos através de demandas corporativas e setoriais.
A agenda do combate às desigualdades sociais deverá ser a pauta de uma esquerda revitalizada, que já cumpriu tarefas importante no Brasil e na América Latina, após o ciclo das ditaduras cujos fantasmas ainda nos visitam.
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