O Estado de S. Paulo
Reunião convocada pela Anac para evitar caos aéreo é positiva, porém tem visão de curto prazo,diz professor da FGV
Especialistas em aviação consideram positiva, porém tardia, a reunião marcada para hoje pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). No quadro que pode levar a mais filas e atrasos nos aeroportos, falta coordenação entre o Estado e as empresas, infraestrutura, mão de obra, e sobram pressões mercadológicas das companhias aéreas, opinam.
"Esta reunião tem um supermérito como exercício, mas revela uma visão de curto prazo. Estão mirando o mês que vem, e não os próximos 18 ou 60 meses. O que era para ser feito de forma estratégica, estrutural, é feito como se fosse para apagar um incêndio", diz o professor do MBA em logística da Fundação Getúlio Vargas, Marcio Nobre Migon.
Força. Uma Anac mais atuante na área fiscalizadora, com multas e punições para atrasos e cancelamentos é uma das urgências do setor para outro especialista. "A aviação brasileira vai crescer enormemente e precisa ser reordenada. Isso passa por um esforço de planejamento e articulação com as companhias aéreas, mas sem ceder aos interesses do mercado. Este é um setor muito sujeito a abusos e a reunião é oportuna para colocar as coisas nos eixos", diz o professor da Universidade Federal Fluminense (UFF), Marco Aurélio Cabral.
Estudo da consultoria Lafis aponta que o número de passageiros em voos aéreos nacionais e internacionais deve subir 32% este ano em relação a 2009, uma alta impulsionada pelos consumidores das classes C e D que nunca tinham entrado antes num avião. A consultoria projeta um cenário de atrasos em voos pelo menos até 2012.
"A classe emergente intensificou o problema; mas, mesmo sem ela, já haveria uma probabilidade grande de atrasos nos voos, por causa do desenvolvimento natural do setor", diz o analista da consultoria, Jonas Okawara.
Uma das questões que, segundo o ministro da Defesa, Nelson Jobim, será discutida na reunião é a venda excessiva de passagens.
Foram vendidas milhares de passagens para voos extras ainda não autorizados, num compromisso das companhias que pode não ser cumprido.
Outro problema grave é a escassez de mão de obra especializada, com companhias excedendo o limite de horas de voos permitido para pilotos e copilotos.
Sob controle. Apesar de a reunião ter sido convocada às pressas, Jobim assegurou na sexta-feira que o sistema aéreo está sob controle.
Ele lembrou que, em 2009, a imprensa noticiou análises prevendo caos aéreo durante o período de eleições e Páscoa, mas "não houve loucura nenhuma, problema nenhum".
Mas atrasos, filas e cancelamentos de voos são esperados por especialistas. Okawara, da Lafis, disse ser preocupante o cenário atual.
Dados da Anac citados pelo estudo da consultoria mostram que, de janeiro a setembro deste ano, a demanda por voos domésticos cresceu 27,4% e a oferta aumentou 19,5% na comparação com 2009.
Nos voos internacionais, houve um aumento de 18,4% na demanda, no mesmo período, ante crescimento de 4,2% na oferta.
.
Especialistas em aviação consideram positiva, porém tardia, a reunião marcada para hoje pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). No quadro que pode levar a mais filas e atrasos nos aeroportos, falta coordenação entre o Estado e as empresas, infraestrutura, mão de obra, e sobram pressões mercadológicas das companhias aéreas, opinam.
"Esta reunião tem um supermérito como exercício, mas revela uma visão de curto prazo. Estão mirando o mês que vem, e não os próximos 18 ou 60 meses. O que era para ser feito de forma estratégica, estrutural, é feito como se fosse para apagar um incêndio", diz o professor do MBA em logística da Fundação Getúlio Vargas, Marcio Nobre Migon.
Força. Uma Anac mais atuante na área fiscalizadora, com multas e punições para atrasos e cancelamentos é uma das urgências do setor para outro especialista. "A aviação brasileira vai crescer enormemente e precisa ser reordenada. Isso passa por um esforço de planejamento e articulação com as companhias aéreas, mas sem ceder aos interesses do mercado. Este é um setor muito sujeito a abusos e a reunião é oportuna para colocar as coisas nos eixos", diz o professor da Universidade Federal Fluminense (UFF), Marco Aurélio Cabral.
Estudo da consultoria Lafis aponta que o número de passageiros em voos aéreos nacionais e internacionais deve subir 32% este ano em relação a 2009, uma alta impulsionada pelos consumidores das classes C e D que nunca tinham entrado antes num avião. A consultoria projeta um cenário de atrasos em voos pelo menos até 2012.
"A classe emergente intensificou o problema; mas, mesmo sem ela, já haveria uma probabilidade grande de atrasos nos voos, por causa do desenvolvimento natural do setor", diz o analista da consultoria, Jonas Okawara.
Uma das questões que, segundo o ministro da Defesa, Nelson Jobim, será discutida na reunião é a venda excessiva de passagens.
Foram vendidas milhares de passagens para voos extras ainda não autorizados, num compromisso das companhias que pode não ser cumprido.
Outro problema grave é a escassez de mão de obra especializada, com companhias excedendo o limite de horas de voos permitido para pilotos e copilotos.
Sob controle. Apesar de a reunião ter sido convocada às pressas, Jobim assegurou na sexta-feira que o sistema aéreo está sob controle.
Ele lembrou que, em 2009, a imprensa noticiou análises prevendo caos aéreo durante o período de eleições e Páscoa, mas "não houve loucura nenhuma, problema nenhum".
Mas atrasos, filas e cancelamentos de voos são esperados por especialistas. Okawara, da Lafis, disse ser preocupante o cenário atual.
Dados da Anac citados pelo estudo da consultoria mostram que, de janeiro a setembro deste ano, a demanda por voos domésticos cresceu 27,4% e a oferta aumentou 19,5% na comparação com 2009.
Nos voos internacionais, houve um aumento de 18,4% na demanda, no mesmo período, ante crescimento de 4,2% na oferta.
Nenhum comentário:
Postar um comentário