O presidente Lula sempre foi contra a ideia de "Estado mínimo". Sempre disse que isso era uma bobagem, que o Estado tem de ser grande e forte. A sua candidata, Dilma Rousseff, diz a mesma coisa. Ainda no exercício da chefia da Casa Civil, diante de indagações sobre a necessidade de um ajuste fiscal para que as contas do governo não enveredassem para o rumo do desequilíbrio - como está acontecendo -, reagia com irritação: por que e para que fazer ajuste fiscal, se a economia está indo bem, só para judiar do povo?
A resposta, dada com frequência, embute a vontade de tingir com a pecha de contrário aos interesses do povo o conceito de ajuste fiscal e, de outro lado, a indicação de que a gastança governamental continuaria, o que agrada muito aos vorazes empreiteiros de obras públicas e a grande parte dos empresários do comércio. O comerciante adora gastança governamental e, também, uma boa dose de inflação, que aumenta o giro dos estoques. Mas a inflação, gerada pelo desajuste fiscal, é o que, de fato, mais judia do povo. Os demagogos de todos os governos preferem, porém, chamar de "arrocho" qualquer política de austeridade nas contas públicas.
É evidente que o projeto político da era Lula-Dilma, e do PT, é de "Estado Grande". Bem grande mesmo. Se todo mundo trabalhar para o Estado e para as empresas estatais, eis aí implantado, na prática, o socialismo, pela ausência da propriedade privada. Fácil. Sem necessidade de revolução, de paredón, de prisão de burgueses, de guilhotina para os nobres, enfim, o socialismo pacificamente instalado.
Como se faz isso sem disparar tiros?
Inchando o Estado até os limites máximos, de modo que nenhuma outra área de atividade disponha de qualquer parcela de poder para contraditar os governantes de plantão.
A confirmação de que a filosofia lulodilmista do Estado Grande não era da boca para fora podemos ler num artigo de Claudia Safatle, do jornal Valor, da última sexta-feira.
Não me entendam mal. Claudia é uma competente jornalista, não afirma nem insinua nada parecido com o que estou dizendo aqui. Inocento-a desta análise. Ela apenas pesquisou e relacionou fatos. Eu é que tiro dos fatos que ela relacionou os fundamentos do que estou dizendo e a indicação de que caminhamos para o Estado Grande mais depressa do que supúnhamos.
E onde ela colheu os fatos?
Em duas publicações do governo: a Pesquisa Mensal de Emprego (PME), do IBGE, e os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). E qual o principal fato que descobriu examinando as duas pesquisas, em dois momentos do tempo?
Descobriu que as administrações públicas dos três níveis (federal, estaduais e municipais) - excluídas as empresas estatais - foram as que criaram a maior quantidade de empregos no País e as que mais contribuíram para o aumento da massa salarial.
Mas, deixemos de conversa mole, e vamos aos fatos pesquisados pela colega. De março a setembro deste ano a administração pública criou 291 mil vagas: a indústria, 137 mil; o setor de serviços, 43 mil; o comércio, 7 mil - segundo a PME. A soma dos empregos criados nos três setores privados é menor do que na administração. O setor da construção civil, o mais dinâmico da economia brasileira atualmente, perdeu 67 mil vagas: tinha 1,706 milhão de empregados em março, ficou com 1,639 milhão em setembro.
Os dados do Caged, que são nacionais, mostram coisa diferente, mas da mesma natureza: a economia gerou menos emprego em setembro deste ano (comparado com setembro de 2008). A indústria compareceu com 25 mil empregos, menos da metade dos 57 mil de setembro/2008; na construção civil a queda foi de 19 mil. Enquanto isso, a administração pública manteve o mesmo ritmo de contratações: 82 mil no mês.
Ora, o governo tinha reduzido impostos para incentivar o consumo, portanto suas receitas caíam ou subiam menos, mas continuava a turbinar o empreguismo público. Em março deste ano, eliminou os incentivos fiscais (melhorou suas receitas) e, logo depois, o Copom começou a aumentar a Selic (aumento de despesas para o setor privado): de lá para cá - aponta o artigo - a administração aumentou de 15,6% para 16,6% sua participação no estoque de pessoas empregadas no País, enquanto a do setor privado passou a diminuir.
De março a setembro deste ano a massa salarial nacional cresceu 7,2%. Nela, a massa salarial da administração cresceu 15,6%, enquanto a do setor privado cresceu 4,5% (da construção civil, 3,9%; dos serviços, 2,8%; e do comércio, 1,5%).
Agora, uma conclusão pertinente da Claudia: excluído o setor público, o crescimento da economia, do emprego, dos rendimentos ocorre, de fato, de forma bem mais moderada do que parece.
Isso poderá aparecer mais nitidamente no ano que vem, quando o governo tiver de controlar melhor seus gastos, a contratação de funcionários, a expansão do crédito e outros fatores que ajudaram a carrear aplausos e votos para a sua candidata.
A resposta, dada com frequência, embute a vontade de tingir com a pecha de contrário aos interesses do povo o conceito de ajuste fiscal e, de outro lado, a indicação de que a gastança governamental continuaria, o que agrada muito aos vorazes empreiteiros de obras públicas e a grande parte dos empresários do comércio. O comerciante adora gastança governamental e, também, uma boa dose de inflação, que aumenta o giro dos estoques. Mas a inflação, gerada pelo desajuste fiscal, é o que, de fato, mais judia do povo. Os demagogos de todos os governos preferem, porém, chamar de "arrocho" qualquer política de austeridade nas contas públicas.
É evidente que o projeto político da era Lula-Dilma, e do PT, é de "Estado Grande". Bem grande mesmo. Se todo mundo trabalhar para o Estado e para as empresas estatais, eis aí implantado, na prática, o socialismo, pela ausência da propriedade privada. Fácil. Sem necessidade de revolução, de paredón, de prisão de burgueses, de guilhotina para os nobres, enfim, o socialismo pacificamente instalado.
Como se faz isso sem disparar tiros?
Inchando o Estado até os limites máximos, de modo que nenhuma outra área de atividade disponha de qualquer parcela de poder para contraditar os governantes de plantão.
A confirmação de que a filosofia lulodilmista do Estado Grande não era da boca para fora podemos ler num artigo de Claudia Safatle, do jornal Valor, da última sexta-feira.
Não me entendam mal. Claudia é uma competente jornalista, não afirma nem insinua nada parecido com o que estou dizendo aqui. Inocento-a desta análise. Ela apenas pesquisou e relacionou fatos. Eu é que tiro dos fatos que ela relacionou os fundamentos do que estou dizendo e a indicação de que caminhamos para o Estado Grande mais depressa do que supúnhamos.
E onde ela colheu os fatos?
Em duas publicações do governo: a Pesquisa Mensal de Emprego (PME), do IBGE, e os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). E qual o principal fato que descobriu examinando as duas pesquisas, em dois momentos do tempo?
Descobriu que as administrações públicas dos três níveis (federal, estaduais e municipais) - excluídas as empresas estatais - foram as que criaram a maior quantidade de empregos no País e as que mais contribuíram para o aumento da massa salarial.
Mas, deixemos de conversa mole, e vamos aos fatos pesquisados pela colega. De março a setembro deste ano a administração pública criou 291 mil vagas: a indústria, 137 mil; o setor de serviços, 43 mil; o comércio, 7 mil - segundo a PME. A soma dos empregos criados nos três setores privados é menor do que na administração. O setor da construção civil, o mais dinâmico da economia brasileira atualmente, perdeu 67 mil vagas: tinha 1,706 milhão de empregados em março, ficou com 1,639 milhão em setembro.
Os dados do Caged, que são nacionais, mostram coisa diferente, mas da mesma natureza: a economia gerou menos emprego em setembro deste ano (comparado com setembro de 2008). A indústria compareceu com 25 mil empregos, menos da metade dos 57 mil de setembro/2008; na construção civil a queda foi de 19 mil. Enquanto isso, a administração pública manteve o mesmo ritmo de contratações: 82 mil no mês.
Ora, o governo tinha reduzido impostos para incentivar o consumo, portanto suas receitas caíam ou subiam menos, mas continuava a turbinar o empreguismo público. Em março deste ano, eliminou os incentivos fiscais (melhorou suas receitas) e, logo depois, o Copom começou a aumentar a Selic (aumento de despesas para o setor privado): de lá para cá - aponta o artigo - a administração aumentou de 15,6% para 16,6% sua participação no estoque de pessoas empregadas no País, enquanto a do setor privado passou a diminuir.
De março a setembro deste ano a massa salarial nacional cresceu 7,2%. Nela, a massa salarial da administração cresceu 15,6%, enquanto a do setor privado cresceu 4,5% (da construção civil, 3,9%; dos serviços, 2,8%; e do comércio, 1,5%).
Agora, uma conclusão pertinente da Claudia: excluído o setor público, o crescimento da economia, do emprego, dos rendimentos ocorre, de fato, de forma bem mais moderada do que parece.
Isso poderá aparecer mais nitidamente no ano que vem, quando o governo tiver de controlar melhor seus gastos, a contratação de funcionários, a expansão do crédito e outros fatores que ajudaram a carrear aplausos e votos para a sua candidata.
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