quinta-feira, 21 de abril de 2011

Aeroportos

Muitos fatores, em meu entender, contribuem para a situação atual dos aeroportos nas principais cidades brasileiras.

Tanto são internos como externos e, via de regra, vai além de vontade política e, como tudo em nosso país, depende de uma sociedade com cidadãos dispostos a vivenciar democracia muito além do simples ato de colocar um voto na urna.

Vejo como um misto de fatores, o principal deles foi o de que Lula, desde o início de seu governo ao invés de determinar investimentos na infra-estrutura com os recursos oriundos das altas taxas cobradas de empresas, passageiros e exploradores comerciais utilizou (sic) em programas assistenciais. Houve muitos editoriais nos jornais falando acerca dessa postura, só que editoriais não são lidos com freqüência e, também, no início do governo até se completar o quarto ano era muito temerário se criticar uma gestão que estava emergindo uma significativa parcela da população e dando-lhe poder de compra nunca antes visto.

Outro fator é a questão de licenças sobre impactos ambientais, já vimos o que é esta dificuldade. Como meio-ambiente é algo que "sempre pega bem e é cult" como diria o próprio Lula, qualquer osso de cachorro pré-histórico empata o prosseguimento de qualquer obra e, como significativa parcela de solo no país hoje é suscetível de área de preservação ambiental qualquer obra de ampliação requer licenças e certificados. Aqui vale relembrar a dificuldade que a prefeitura do Rio teve para tirar o lixão de Gramacho e instalá-lo em Seropédica, ou seja, ambientalistas contra o bem-estar e desenvolvimento econômico de uma capital do porte da nossa.

Outro é a lentidão dos processos licitatórios. Na mesma linha, por serem os aeroportos, ainda, área de gestão pública, dá espaço para a permissividade na facilidade de se abrir empresas para atender a serviços de manutenção, recuperação e de  modificação de serviços, nem sempre sendo críveis e de qualidade. 

Também observo, quando transito nos aeroportos, a má-vontade e omissão de funcionários de manutenção contratados pela Infraero. Há vários itens quebrados ou com mau funcionamento (banheiros, bebedouros, esteiras, teleprompts, telefones etc etc etc) que permanecem neste estado. Neste ponto o caráter omissivo do cidadão usuário que vê e acha que o problema não é dele contribui sobremaneira.

A acessibilidade, por via terrestre, também contribui para o caos principalmente em dias de chuva. Quando a mídia mostra aeroportos no exterior há que se observar que eles são distantes de grandes centros o que facilita a circulação de bens, serviços e usuários. Usá-los como comparação às nossas condições é absolutamente inadequado.

A questão da disponibilidade de pontos disponíveis para que aeronaves conectem-se aos "fingers" para desembarcar e embarcar pessoas está relacionada a capacidade de aeronaves nos pátios que, por sua vez, está condicionada a capacidade da saturação de aeronaves, no ar, em área de terminais. Para tanto o setor de proteção ao vôo e controle de espaço aéreo também precisa de mais pessoas e de mais investimentos. Como, infelizmente, ainda está atrelado ao segmento militar, este vem sofrendo restrições orçamentárias históricas o que inviabiliza melhorias na base da "boa vontade e espírito de devoção ao país" dos profissionais daquela área. Se o controle do espaço aéreo fosse feito por intermédio de mega-fones, trombones e cornetas até poderia se ventilar tal possibilidade, todavia com os equipamentos mais adequados para o controle de aeronaves são caros e de difícil manutenção requer dinheiro mesmo que chega em conta-gotas.


Enfim, uma mirídade de problemas até perfeitamente contornáveis que, nem sempre, depende apenas de vontade política que, por sua vez, só acontece se o cidadão fizer pressão, o que não parece ser o nosso hábito.

Esta é uma singela contribuição até para que quando os amigos vierem a discutir também lembrem-se desses fatores e não atribuam, somente, ao descaso dos gestores públicos e entes do governo. Ressalto, como sempre faço, que nossos sérios problemas advindos das "dores do crescimento" poderiam ser melhor digeridos se ao invés de somente apontar problemas o cidadão brasileiros aprendesse a fiscalizar, sugerir e cobrar.
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